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mercadões
Parte do comércio acolhe público e vendedores underground
Após passeio, pode-se tomar uma cerveja ouvindo música punk em um pub
Foi exatamente em busca da
sensação de liberdade, que fica
tão clara no Camden Market,
que o cabeleireiro e maquiador
Marcelo Lemos, 31, de São Paulo, foi visitar o mercado.
"Um amigo comentou que
aqui eu realmente conheceria o
lado underground de Londres.
Estou amando, principalmente
porque todos têm cortes de cabelo ousados", diz ele, ressaltando que considera o visual
dos freqüentadores "inovador".
Lemos aproveitou para comprar uma bolsa e alguns suvenires. "Não vim para comprar,
mas para ver. É daqui que saem
as tendências", comenta, posando para as fotos que fez
questão de tirar com a mais nova aquisição: uma bolsa Diesel.
Radical
A garota de peruca rosa Paola
Friemann, 23, que vende CDs
no Camden, não tolera seres
humanos que destroem a vida
dos outros. Parte de seu endereço eletrônico diz: "Slowdeathofhumanrace". Em português, o recado diz: "Morte lenta
para a raça humana".
Não. Ela afirma que não é -e
que nem pretende ser- uma
assassina que saboreia o sofrimento das vítimas. "É só um
alerta. Devemos avisar os outros. Faço isso com minha música, com meu visual. Sou assim", filosofa a vendedora, se
deixando embriagar pela atmosfera do lugar.
Não há como passar pelo corredor onde está a barraca de
Paola sem notá-la: seu cantinho pulsa em som e em cores
no meio do mercado.
Instalada ali desde novembro do ano passado, a inglesa
que adora posar para fotos diz
que os compradores mais simpáticos são os latinos. Os brasileiros, para ela, ficam com o título de "carismáticos". A jovem
vende CDs de música eletrônica, que custam cerca de 30 euros cada um.
Nas ruas ao redor, as lojas seguem a mesma tendência do
mercado, mas com mais sofisticação. As que vendem roupas e
acessórios de marcas famosas
comercializam, de fato, peças
originais: com direito a nota fiscal e a preços altos.
Entrar em um dos estúdios
que fazem tatuagem e piercing
é instigante. As gravuras e desenhos nas paredes dividem espaço com fotos de pessoas com
metais nos lugares mais improváveis do corpo. Em alguns casos, as tatuagens são tantas que
chegam a deixar à vista apenas
pequenas partes do rosto.
A qualidade dos desenhos
realmente impressiona. E o
preço também: fazer uma pequena rosa, por exemplo, custa,
em média, 80 euros.
Há ainda lojas de produtos
sexuais, das bem pequenas
àquelas com vários "departamentos", com filmes aos milhares, vários modelos de vibrador, roupas eróticas, lingeries
comestíveis ou com pontas de
metal, livros, perfumes, enfim:
uma quantidade realmente impressionante de produtos.
Ao anoitecer, com o fechamento do mercado, o movimento continua nos pubs das
ruas vizinhas. Há aqueles que
abrigam torcedores barulhentos vibrando com o futebol e
outros em que os freqüentadores, com o visual carregado de
couro rasgado, com correntes e
furos, assustam um pouco
quem prefere um estilo mais
comportado.
Tomar uma cerveja ouvindo
música punk em um pub da cidade é daquelas experiências
que podem ser consideradas
imperdíveis. Dá pra se sentir
um pouco no "submundo" da
cidade, repleto de liberdade e
manifestação de diferenças.
O Candem Market pode ser
visitado todos os dias, das 10h
às 18h. Mais informações no site www.camdenlockmarket.com.
(ANTONIO ARRUDA)
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