São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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mercadões

Parte do comércio acolhe público e vendedores underground

Após passeio, pode-se tomar uma cerveja ouvindo música punk em um pub

Foi exatamente em busca da sensação de liberdade, que fica tão clara no Camden Market, que o cabeleireiro e maquiador Marcelo Lemos, 31, de São Paulo, foi visitar o mercado.
"Um amigo comentou que aqui eu realmente conheceria o lado underground de Londres. Estou amando, principalmente porque todos têm cortes de cabelo ousados", diz ele, ressaltando que considera o visual dos freqüentadores "inovador".
Lemos aproveitou para comprar uma bolsa e alguns suvenires. "Não vim para comprar, mas para ver. É daqui que saem as tendências", comenta, posando para as fotos que fez questão de tirar com a mais nova aquisição: uma bolsa Diesel.

Radical
A garota de peruca rosa Paola Friemann, 23, que vende CDs no Camden, não tolera seres humanos que destroem a vida dos outros. Parte de seu endereço eletrônico diz: "Slowdeathofhumanrace". Em português, o recado diz: "Morte lenta para a raça humana".
Não. Ela afirma que não é -e que nem pretende ser- uma assassina que saboreia o sofrimento das vítimas. "É só um alerta. Devemos avisar os outros. Faço isso com minha música, com meu visual. Sou assim", filosofa a vendedora, se deixando embriagar pela atmosfera do lugar.
Não há como passar pelo corredor onde está a barraca de Paola sem notá-la: seu cantinho pulsa em som e em cores no meio do mercado.
Instalada ali desde novembro do ano passado, a inglesa que adora posar para fotos diz que os compradores mais simpáticos são os latinos. Os brasileiros, para ela, ficam com o título de "carismáticos". A jovem vende CDs de música eletrônica, que custam cerca de 30 euros cada um.
Nas ruas ao redor, as lojas seguem a mesma tendência do mercado, mas com mais sofisticação. As que vendem roupas e acessórios de marcas famosas comercializam, de fato, peças originais: com direito a nota fiscal e a preços altos.
Entrar em um dos estúdios que fazem tatuagem e piercing é instigante. As gravuras e desenhos nas paredes dividem espaço com fotos de pessoas com metais nos lugares mais improváveis do corpo. Em alguns casos, as tatuagens são tantas que chegam a deixar à vista apenas pequenas partes do rosto.
A qualidade dos desenhos realmente impressiona. E o preço também: fazer uma pequena rosa, por exemplo, custa, em média, 80 euros.
Há ainda lojas de produtos sexuais, das bem pequenas àquelas com vários "departamentos", com filmes aos milhares, vários modelos de vibrador, roupas eróticas, lingeries comestíveis ou com pontas de metal, livros, perfumes, enfim: uma quantidade realmente impressionante de produtos.
Ao anoitecer, com o fechamento do mercado, o movimento continua nos pubs das ruas vizinhas. Há aqueles que abrigam torcedores barulhentos vibrando com o futebol e outros em que os freqüentadores, com o visual carregado de couro rasgado, com correntes e furos, assustam um pouco quem prefere um estilo mais comportado.
Tomar uma cerveja ouvindo música punk em um pub da cidade é daquelas experiências que podem ser consideradas imperdíveis. Dá pra se sentir um pouco no "submundo" da cidade, repleto de liberdade e manifestação de diferenças.
O Candem Market pode ser visitado todos os dias, das 10h às 18h. Mais informações no site www.camdenlockmarket.com. (ANTONIO ARRUDA)


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