do enviado especial

"O amigo já tomou café hoje? Sim? Eu também!". Era o que dizia o chinês de Cingapura de manhã, ao encontrar um conterrâneo. E se a resposta fosse negativa? Bom, aí a resposta, com cara de tristeza, seria: "Eu também não...".
A anedota, com fundo de verdade, ilustra a dureza dos tempos que se seguiram à independência dessa cidade-Estado, em meados dos anos 60.
Hoje, com um padrão de vida que, na Ásia, só perde para o do Japão, Cingapura tem de prédios high-tech a locais históricos bem conservados, uma enorme diversidade comercial e o maior porto de contêineres do mundo.
Mas, apesar disso, quem olha o mapa-múndi com pressa, corre o risco de não se dar conta que Cingapura, uma ilha de 640 km2 encravada no extremo sul da Malásia peninsular, seja um país tão desenvolvido.
Sobretudo porque, embora Cingapura e Malásia sejam considerados "tigres asiáticos" -e tenham constituído um único país até meados da década de 60-, hoje ambos têm performances econômicas e uma condição de enfrentar crises bastante diferentes.
Com uma área de 329.748 km2 e 21 milhões de habitantes, a Malásia tem um PIB de US$ 85,3 bilhões, cifra quase igual ao do PIB de Cingapura, que, com 3,4 milhões habitantes, soma US$ 83,7 milhões.

Progresso e mão-de-ferro
Cingapura e Malásia têm em sua formação populacional as mesmas etnias. Só que em Cingapura os chineses constituem ampla maioria (77%) em relação aos malaios (14%) e aos indianos (7%).
Também as regras de convivência social de Cingapura, governada com mão de ferro pelo PAP (Partido de Ação Popular), são bastante severas.
Quem não ouviu falar da pena de morte para traficantes de drogas? E das multas e chibatadas aplicadas em quem joga chiclete ou cigarro na rua?
Só que a assepsia urbana não para aí. Em Cingapura não existem fios elétricos aparentes, outdoors e carros velhos.
Até a água, importada em larga escala da Malásia (56% dos recursos hídricos), pode ser bebida da torneira em Cingapura, e não na Malásia. (SC)


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