São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

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MOSAICO LATINO

Porto Rico lota calendário de eventos para garantir diversão durante o ano inteiro

Tudo é motivo de festa no território

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO RICO

Religião, música, pesca, comida, flores, independência alheia. Tudo é motivo de festa para os porto-riquenhos. Mesmo quando não conta com um grande evento no calendário, a programação de festividades na ilha se mantém ativa graças aos padroeiros das cidades, que não deixam de celebrá-los. Assim, é muito difícil estar em Porto Rico sem que algum evento esteja acontecendo.
Em geral, essas festas são uma boa chance de se infiltrar entre os nativos. Isso se o seu visual não for norte-americano demais -pele muito clara, bermuda com meias escuras e camisa florida. Se for esse o seu caso, prepare-se para ser tratado como um hóspede, e não como um camarada.
Devidamente infiltrado, o turista conhece por dentro cheiros, sabores, tradições e ritmos locais. Com raras exceções, as festas abrigam barracas com comida típica, grupos folclóricos que executam música local e uma multidão de gente suada e sorridente.
Mesmo em eventos internacionais, como o Heineken Jazz Fest -que neste ano ocorreu de 31 de maio a 3 de junho-, o resultado é puramente porto-riquenho, o que se traduz na informalidade e naquela sensação de estar em casa. Tanto na platéia quanto no palco.
O show do guitarrista americano George Benson foi o maior exemplo desse estado. Para começo de conversa, ele trocou seu indefectível terno por um camisão que se despejava para fora das calças. Lá pela quarta música, ele abriu o camisão. No final, apenas com um colete aberto, chamou ao palco o pianista cubano Chucho Valdés, o homenageado do festival. Juntos, eles improvisaram sobre o megahit "On Broadway".
Poucas vezes em sua carreira Benson abandonou o seu profissionalismo quase obsessivo e se deixou levar pela latinidade que tomou conta de todos que naquela noite de 2 de junho estavam no anfiteatro Tito Puente, uma arena a céu aberto na capital, San Juan.

Ferveção
E se eu estiver em Porto Rico numa época sem festas? Simples. Além de zanzar pelos bares do Velho San Juan -as bebidas devem ser consumidas nos bares; quem for pego bebendo na rua paga multa de US$ 500-, há um lugar que é certeza de diversão nas noites de fim de semana.
Trata-se do El San Juan Hotel & Cassino. A imponência, o excesso de madeira e a decoração com sotaque inglês podem afugentar o turista que tem dó do seu cartão de crédito. Mas basta entrar para descobrir que dinheiro não faz tanta diferença naquele lugar.
Para quem não quer gastar nada, o hotel tem duas danceterias, ambas com entrada gratuita. Numa, uma banda toca músicas caribenhas. Em outra, a música eletrônica estimula os requebros.
Entre as duas, um enorme salão exibe a mais variada fauna. Há hóspedes endinheirados -as diárias no hotel variam de US$ 250 a US$ 2.500-, garotas com roupas ousadas, rapazes com o figurino "latin lover" -blazer, blusa justa e cordão no pescoço-, turistas americanos, executivos, travestis. Tem até gente comum.
O resultado dessa pororoca humana é que dá torcicolo ver os tipos do local. E tudo ocorre de forma pacífica, pois há um batalhão de seguranças pela casa.
Ao lado do salão, há o cassino. Luxuoso, ele não se dá muito bem com bermudas, o que se nota pelo nariz torcido dos crupiês quando entra alguém que não respeita o rigor da casa. Mas, com apenas calça e camisa, os narizes dos crupiês já reassumem o prumo.
(EDSON FRANCO)


El San Juan Hotel & Cassino - Avenida Isla Verde, 6.063, tel. local 800-468-2818



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