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MOSAICO LATINO
Primeira impressão não é a que fica na cidade com transeuntes que parecem parar no tempo e museus
Beleza de Ponce é decifrada aos poucos
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO RICO
Partindo de San Juan, depois de
uma hora e meia pela rodovia 52,
o ônibus pega a rota 1, que leva a
Ponce. Quando a cidade, a segunda maior da ilha, aparece no horizonte, a primeira reação é de decepção. Pelo menos para quem já
estava medianamente acostumado com a verticalidade e a variedade de atrações da capital.
Passa-se pela periferia, pouco
convidativa. Na medida em que se
avança na direção do centro, começam a aparecer casarões malcuidados, com pé-direito alto e fachadas no estilo colonial importado da Espanha.
Um pouco adiante, surgem casarões similares aos anteriores,
mas com a diferença de que já
passaram pelo processo de restauração que a cidade vem desenvolvendo desde a década passada.
Por fim, chega-se à Plaza Las
Delicias e descobre-se que, como
uma verdadeira dama, Ponce revela sua beleza aos poucos. Tudo
acontece em torno da praça.
Nela está a catedral Nuestra Señora de Guadalupe. Construída
em 1931, a igreja ostenta suas paredes azuis no mesmo local em
que os colonizadores espanhóis
ergueram a primeira capela da cidade, em 1660.
Os fundos da igreja dão para o
Parque de Bombas, museu do
Corpo de Bombeiros local. Além
de fotos dos oficiais da corporação -que só interessam aos descendentes deles-, o museu guarda um carro de bombeiro de 1929.
A entrada é gratuita.
Gratuitos também são os trolleys que levam os turistas para as
atrações da cidade. Gratuitos e
desnecessários, já que, além da topografia plana de Ponce, aquilo
que interessa não fica a mais de
três quadras da Plaza Las Delicias.
É o caso da Casa Alcadía, atual
prefeitura situada na frente da
praça. Construída em 1840, a casa
já foi assembléia e presídio. No
seu balcão frontal, já discursaram
quatro presidentes norte-americanos. É dali também que o rei
Momo profere o palavrório que
abre o Carnaval da cidade, que,
dizem os nativos e os folhetos turísticos, é espetacular.
Museus históricos
Amantes de museus têm dois
roteiros a pé a partir da praça. Se,
de costas para a catedral, pegar a
direita na Calle Marina, chegará
ao museu Casa do Massacre de
Ponce. O prédio era a sede do Partido Nacionalista em 1937, quando um conflito entre nacionalistas
e policiais deixou 19 mortos. Fotos, documentos e artefatos estão
ali para lembrar aos norte-americanos que um dia os nativos podem querer a ilha de volta.
Pegando a Calle Marina no sentido contrário, chega-se à Calle
Reina Isabel, onde estão os museus da História de Ponce e da
Música Porto-Riquenha.
Em suas dez galerias, o primeiro
reúne peças que contam a história
da cidade nos campos da ecologia, economia, educação, arquitetura, medicina e política. Só indo
ao segundo é que o visitante passa
a ter uma noção precisa dos instrumentos e das musicalidades
que formaram a bomba y plena,
estilo musical típico da ilha.
Terminado o passeio pelas ruas
centrais de Ponce, vale a pena perder mais alguns minutos contemplando as crianças, os casais de
namorados e os demais desocupados que se refrescam sob as árvores da Plaza Las Delicias. A impressão dos observadores mais
atentos é que o tempo pára junto
com as pessoas.
(EDSON FRANCO)
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