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MOSAICO LATINO
Dos alambiques do Castillo Serrallés (1930), no Cerro del Vigía, sai o rum Don Q, bebida campeã entre os ilhéus
Castelo atesta pujança da era do açúcar e do rum
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO RICO
Em Ponce, um dos poucos passeios que o turista precisa fazer de
carro é aquele que leva ao Cerro
del Vigía. Esse morro, antigo ponto de observação dos espanhóis,
hoje abriga uma grande cruz
-na qual os turistas podem entrar e ter uma visão abrangente da
cidade- e o Castillo Serrallés.
Em termos de arquitetura, o
castelo não é uma atração daquelas de fazer valer a viagem. Amplo
e cheio de cômodos, ele revela
uma fusão desigual de traços coloniais espanhóis e mouriscos no
exterior. Reformas feitas nos anos
70 deixaram o interior com um
jeitão de Frankenstein de estilos.
Mas, arquitetura à parte, o castelo está ali como um atestado da
pujança da indústria açucareira e
de rum na ilha.
O castelo foi construído em 1930
sob as ordens de dom Juan Eugenio Serrallés, dono do maior império de açúcar e rum da ilha. De
suas usinas e alambiques saem o
açúcar Snow White e o rum Don
Q (pronuncia-se "don cu"), a bebida campeã entre os ilhéus.
A visita ao castelo começa com
um vídeo que mostra a história da
família Serrallés, a vida dos trabalhadores e a industrialização da
cana-de-açúcar. Numa sala contígua à de vídeo, artefatos utilizados
pelos trabalhadores, capatazes e
executivos são preservados.
Chamam a atenção as moedas
cunhadas pela própria família
Serrallés. Elas revelam como dom
Juan não era homem de dar ponto
sem nó. As moedas eram utilizadas por trabalhadores -que moravam em casas no interior da fazenda Serrallés- para comprar
mantimentos na mercearia comandada pelo próprio dono.
Nos demais cômodos, o museu
procura reconstituir o modo de
vida da família, que se traduzia na
prataria espanhola espalhada pela
sala de jantar, no piano na sala dita formal e nas camas imponentes
dos quartos. Um desses quartos
abriga o único piso de madeira de
toda a construção. Adivinhe de
onde veio a matéria-prima... Do
Brasil, é claro.
Depois de subir e descer escadas, entrar e sair de cômodos e
passar pela loja de suvenires, é de
se esperar que chegue o momento
da degustação. Afinal, estamos visitando a casa do dono do rum
mais bebido na ilha. Doce ilusão.
O visitante sai dali sem nem sequer sentir o cheiro da bebida e
pensando: "Os US$ 3 da entrada
eram só para ver a casa?".
(EF)
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