São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

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MOSAICO LATINO

Dos alambiques do Castillo Serrallés (1930), no Cerro del Vigía, sai o rum Don Q, bebida campeã entre os ilhéus

Castelo atesta pujança da era do açúcar e do rum

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO RICO

Em Ponce, um dos poucos passeios que o turista precisa fazer de carro é aquele que leva ao Cerro del Vigía. Esse morro, antigo ponto de observação dos espanhóis, hoje abriga uma grande cruz -na qual os turistas podem entrar e ter uma visão abrangente da cidade- e o Castillo Serrallés.
Em termos de arquitetura, o castelo não é uma atração daquelas de fazer valer a viagem. Amplo e cheio de cômodos, ele revela uma fusão desigual de traços coloniais espanhóis e mouriscos no exterior. Reformas feitas nos anos 70 deixaram o interior com um jeitão de Frankenstein de estilos.
Mas, arquitetura à parte, o castelo está ali como um atestado da pujança da indústria açucareira e de rum na ilha.
O castelo foi construído em 1930 sob as ordens de dom Juan Eugenio Serrallés, dono do maior império de açúcar e rum da ilha. De suas usinas e alambiques saem o açúcar Snow White e o rum Don Q (pronuncia-se "don cu"), a bebida campeã entre os ilhéus.
A visita ao castelo começa com um vídeo que mostra a história da família Serrallés, a vida dos trabalhadores e a industrialização da cana-de-açúcar. Numa sala contígua à de vídeo, artefatos utilizados pelos trabalhadores, capatazes e executivos são preservados.
Chamam a atenção as moedas cunhadas pela própria família Serrallés. Elas revelam como dom Juan não era homem de dar ponto sem nó. As moedas eram utilizadas por trabalhadores -que moravam em casas no interior da fazenda Serrallés- para comprar mantimentos na mercearia comandada pelo próprio dono.
Nos demais cômodos, o museu procura reconstituir o modo de vida da família, que se traduzia na prataria espanhola espalhada pela sala de jantar, no piano na sala dita formal e nas camas imponentes dos quartos. Um desses quartos abriga o único piso de madeira de toda a construção. Adivinhe de onde veio a matéria-prima... Do Brasil, é claro.
Depois de subir e descer escadas, entrar e sair de cômodos e passar pela loja de suvenires, é de se esperar que chegue o momento da degustação. Afinal, estamos visitando a casa do dono do rum mais bebido na ilha. Doce ilusão.
O visitante sai dali sem nem sequer sentir o cheiro da bebida e pensando: "Os US$ 3 da entrada eram só para ver a casa?". (EF)


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