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Fazendas tombadas conservam móveis e características do século 19
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Nas fazendas de café tombadas pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em São Carlos
casas-sede centenárias, tulhas,
terreiros de café e até senzalas
convidam o visitante a viajar
pelo século 19 e o início do século passado e conhecer um
pouco do que foi o período cafeeiro em São Paulo.
O tombamento mais recente
é o da Santa Maria, que teve nove construções protegidas, inclusive uma senzala utilizada
para abrigar até 80 escravos no
século 19. São 1.500 hectares,
pertencentes à família Malta
Campos desde 1904. A fazenda
começou a ser construída em
1887, um ano antes do fim da
escravidão no país.
Como há 120 anos, equipamentos usados para castigar os
escravos são preservados no local. "As fazendas antigas derrubaram as senzalas, porque não
queriam lembrança da escravidão. Mas nossa família avaliou
que era preciso preservar. Não
preservamos a memória da escravidão, mas a injustiça que as
pessoas sofreram naquele período", afirmou o engenheiro
agrônomo Décio Luiz Malta
Souza Campos, 78, um dos donos da fazenda.
A propriedade tem um museu com mobiliário dos dois últimos séculos e mais de 3.000
volumes entre livros e discos.
Já a fazenda Pinhal, com 18
alqueires tombados desde 1981
pelo Condephaat, é ainda mais
antiga que a Santa Maria e conserva um acervo de 3.000 obras
literárias. "Tudo está intacto,
com mobiliário, altar e outras
peças da época", disse Francisco de Sá Neto, presidente da Associação Pró Casa do Pinhal.
O casarão da propriedade foi
construído em 1831 e ampliado
em 1860. A Pinhal oferece hospedagem em 14 apartamentos.
Já a Santa Maria se destina,
principalmente, à visitação de
um dia -tem dois chalés.
Com a inauguração, em novembro do ano passado, do Museu Asas de Um Sonho, da
TAM, a visita às fazendas tombadas foi incentivada. "As pessoas passam um período do dia
aqui e outro no museu. Os roteiros se completam", afirmou
Campos.
Há uma terceira fazenda
tombada na cidade, a Santa Eudóxia, que ainda não explora o
turismo.
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