São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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AS BOAS DO "BONRA"

Pratos do Shoshi saem dos livros de receitas da vovó

Shoshana Baruch não descuida um segundo dos pratos e do serviço do seu restaurante de comida judaica

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao se sentar para comer no Adi Shoshi Delishop, um cliente novato pode se assustar com o barulho que vem da cozinha.
Shoshana -a dona- estará falando alto. Bradando ordens, várias ao mesmo tempo, em frases que ecoam da cozinha e chegam distorcidas às mesas.
Mesmo sem entender uma palavra -por vezes ela fala em hebraico-, não há dúvidas: Shoshana está ditando o ritmo das panelas, da entrada e da retirada dos pratos, dos pedidos de conta, do troco a ser entregue, do ponto da coalhada que acompanha a berinjela recheada com ricota e da confecção do seu pudim secreto.
Ela não vai demorar para dar uma saída da cozinha. Bem rápida, só para checar se está tudo correndo bem nos dois pequenos salões que dão para a rua Correia de Melo. Com os clientes, a maioria freqüentador de longa data, a voz permanecerá firme, mas mais mansa, carinhosa. Fazendo jus ao significado do seu nome em português: "Rosa".
E permanecerá assim até que ela volte para a cozinha ou até que... Bem, até que um cliente resolva deixar um pedaço do tal pudim no prato. Ele é delicioso.
Mas, antes de pedir, tenha certeza de que ainda agüenta mandar ver na sobremesa. Porque ela é enorme. E porque Shoshana tem verdadeira paixão pelo doce feito como manda cada linha do caderno de receitas, em búlgaro, da sua avó. E porque ela pode ficar muito, muito desapontada mesmo se você sobrar um pedacinho.
"Na época em que essa receita foi feita não existia leite condensado. E aqui o pudim de caramelo permanece assim", conta. Em seguida, deixa claro que não contará mais nenhum detalhe sobre o preparo da delícia que atravessa gerações e se mantém como a sobremesa mais pedida da casa desde que ela abriu as portas, em 1987.
Shoshana, israelense nascida na cidade portuária de Haifa, veio com o marido -o búlgaro Adi Baruch-, trabalhar com a mãe, que chegou ao Brasil em 1974 e abriu a Casa Búlgara, que comanda bem perto do restaurante da filha.
A idéia de abrir um negócio próprio foi do marido. "Eu não queria, não. Queria ser gerente de banco, como fazia na minha cidade", conta Shoshana. Mas não teve jeito. Logo o casal abriu uma espécie de rotisseria, com duas ou três mesinhas onde os clientes pudessem se sentar enquanto esperavam o que tinham pedido.
Mas as delícias que ela preparava fizeram tanto sucesso que não demorou para que os dois precisassem multiplicar as cadeiras e fazer do lugar, enfim, um restaurante.
Entre as receitas mais tradicionais da casa, há o tchulent (R$ 20 se for consumido lá e R$ 29 se for para viagem), um cozido de feijão branco, galinha e carne, servido às sextas e aos sábados, o shpondra (R$ 18), uma costela de boi refogada, e o varenike (R$ 18), uma massa recheada com batatas.
Não deixe de experimentar a berinjela recheada com ricota, servida com coalhada. Entre as opções de um segundo menu, batizado de contemporâneo, assinado pelo filho do casal, há mussaka com guarnição (R$ 20 a R$ 24), pratos de massa (entre R$ 16 e R$ 22) e cinco tipos de salada (entre R$ 12 e R$ 16).
A "Delishop" vem com filé de frango grelhado, folhas, frutas e molho. (PRISCILA PASTRE-ROSSI)


ADI SHOSHI DELISHOP
Rua Correia de Melo, 206, Bom Retiro;
funciona de seg. a sáb., das 10h às 15h30; fecha a partir desta segunda e reabre em 6/1
tel.: 0/xx/11/3228-4774


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