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Grupo criado há dois anos quer melhorar imagem da capital após panelaço de 2001 e oferece roteiro flexível
Portenhos ciceroneiam turista de graça
MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é preciso se gabar por ter
um amigo portenho que possa levá-lo para conhecer lugares freqüentados apenas pelos nascidos
na capital argentina. O Cicerones
de Buenos Aires, organização sem
fins lucrativos reconhecida pelo
governo, guia os turistas gratuitamente pela capital, aconselha e
orienta os viajantes.
"Exigimos que os cicerones tenham vontade de mostrar a cidade e que sejam amáveis com os visitantes", explica o engenheiro sanitarista e presidente da organização, Joaquín Brenman, 60.
Os passeios variam de acordo
com o gosto do freguês, e os guias
são voluntários, pessoas que
"amam a cidade". Não há uma rota fixa. O turista atendido pelo Cicerones precisa ter a "mente aberta" e contar que áreas mais lhe interessam. Arquitetura, museus,
vida cotidiana, tango ou futebol.
O viajante que tem aversão a ficar preso em city tours ou com
guias na sua cola pode ficar tranqüilo. "Eles nos deixam à vontade", diz o paulista George Vasconcelos de Carvalho, 27, que ficou oito dias em Buenos Aires em
novembro de 2003, com a mãe.
O produtor de teatro carioca
Celso Lemos, 38, que passou o
Ano Novo em Buenos Aires, após
ser guiado pelo cicerone Carlos
Fuentes na virada do ano, recebeu
orientação pelo telefone sobre o
que fazer ali nos dias seguintes.
"Não segui todas as dicas, porque algumas me pareciam meio
furadas." Mas o carioca diz que
atentou para "coisas que passam
despercebidas pelo turista".
Os conselhos também ajudam a
refrescar o bolso. Uma visita com
passeio de barco ao rio da Prata
em Tigre, a 29 km de Buenos Aires, custou a Carvalho 7,80 pesos;
agências cobram 45 pesos pelo
passeio. Ele conta ter seguido a
orientação do cicerone de tomar
um trem para chegar ao local.
A idéia de criar o grupo surgiu
em 2001, numa roda de amigos,
viajantes freqüentes, que acreditavam que os portenhos passavam uma imagem negativa não só
aos turistas estrangeiros mas também aos argentinos do interior, a
despeito de todos os atrativos de
Buenos Aires.
"Nossa primeira tentativa foi
mudar isso", disse Bramnin,
acrescentando que o outro objetivo era reverter a imagem negativa
transmitida pela TV -os panelaços, manifestações na capital que
culminaram com a renúncia do
então presidente Fernando de la
Rúa em dezembro de 2001-, que
circulou por todo o mundo.
O Cicerones de Buenos Aires
funciona desde 2002. Hoje conta
com cerca de 50 voluntários, pessoas de 18 a 70 anos, inclusive
guias que falam português. Mensalmente, o grupo atende de 20 a
25 grupos de visitantes, com no
máximo seis pessoas, em visitas
de até três horas de duração, feitas
a pé ou em transporte público.
O público brasileiro representa
25% dos atendimentos. O primeiro contato deve ser feito pela internet, por meio do site www.cicerones.org.ar ou do e-mail:
cicerones@cicerones.org.ar.
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