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Artesãos se reúnem em cooperativa, que oferece máquinas, e produzem cerca de 3.000 peças por mês
Couro de caprino vira brinco, bolsa e roupa
DO ENVIADO ESPECIAL A CABACEIRAS (PB)
O artesanato feito com o couro
de bode é outra prova da criatividade dos habitantes de Cabaceiras na utilização da principal fonte de renda da região.
São bolsas, cintos, roupas, calçados, chapéus e bijuterias produzidos por artesãos da cidade. Ao
couro do animal, são acrescentados outros materiais, como metal,
miçangas, coco e até caramujos.
As peças podem ser encontradas na Arteza (Cooperativa dos
Curtidores e Artesãos de Couro
do Distrito de Ribeira), cujo nome
é uma mistura de arte com alteza
-também em homenagem à realeza do bode.
A cooperativa foi criada para incentivar a manufatura e facilitar a
venda dos produtos. Os artesãos
produzem em casa, nas suas oficinas, mas podem utilizar os equipamentos da sede da Arteza
-como máquinas de cortar, de
costurar e de prensar.
A Arteza produz, por mês, 3.000
peças. O presidente da cooperativa, José Itamar Maracajá Ramos,
30, conta que a cooperativa participa de feiras em outros Estados e
já vende para lojas de outras cidades. Ele enumera as vantagens do
couro de bode sobre o bovino: é
mais flexível e resistente e permite
um melhor acabamento.
Curtição de couro
A cooperativa espera melhorar
ainda mais a produção quando a
reforma do curtume (onde o couro é beneficiado) estiver concluída. "Hoje, eu levo de 15 a 20 dias
para curtir o couro. Com o fulão
[máquina com motor giratório]
do curtume, serão apenas 24 horas", diz o curtidor Antonio Francelmo Farias de Sousa, 28.
Outra inovação nesse processo
artesanal é a utilização de uma
planta, o angico, no lugar de produtos químicos para curtir a pele
do animal. A planta agride menos
o ambiente.
Trabalhando em casa, a artesã
Maria de Fátima Farias Sousa, 50,
mãe de Antonio, conta, toda orgulhosa, que o prefeito de Cabaceiras levou um dos cintos que ela
faz para a atriz Patrícia Pillar. "Ele
disse que ela ficou feliz da vida."
O artesão Severino Gomes de
Macedo, 66, trabalha com couro
de bode desde os 12 anos. Autodidata, começou fazendo sela para
cavalo e hoje confecciona de tudo,
principalmente chapéus. "Se tem
uma coisa que dá dinheiro hoje
em dia é bode", diz. Ele afirma
que tira cerca de R$ 700 por mês
com o artesanato.
Os preços das peças da cooperativa são variados: as bolsas ficam
entre R$ 17 e R$ 35, e os cintos, entre R$ 8 e R$ 30. Tel.: 0/xx/83/356-9035.
(AUGUSTO PINHEIRO)
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