Museu faz viajante sair de Nova York por um dia

DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Parece absurdo dedicar, na programação certamente apertada de uma viagem a Nova York, um programa para fora da cidade -e demorado. Mas cada minuto fora de Manhattan vale a pena para ir à Dia Foundation, em Beacon, a duas horas no rumo norte.
O passeio tem algumas etapas -todas divertidas.
Tudo começa na Grand Central Terminal, a enorme estação de trem e metrô entre as ruas East 42nd e East 45th.
É recomendável chegar um pouco antes do horário planejado à estação para poder se embasbacar com a arquitetura ou com o mercado de comida, o Grand Central Market, na saída para a avenida Lexington -inevitável sair do corredor de tendas com algum embrulho.
A compra do bilhete é simples: ao chegar à bilheteria, diga ao atendente que você vai à Dia Beacon. Ele vende a passagem de trem -ida e volta- e o ingresso, com desconto, para o museu que fica ali mesmo -em Dia Beacon-, com a opção de pagar com cartão de crédito.
As passagens e o ingresso saem por US$ 27,75. A ida é com horário marcado. Para a volta, é bom consultar o horário de saída de trens de Beacon para Manhattan -para não ficar à toa na estação.
Então começa a segunda etapa do passeio: a viagem. A bordo do trem da linha Metro North, a janela vai mostrando o fim do centro, o começo do Harlem, o leito do rio Hudson, o fim da cidade e os arrabaldes, com casas de campo aqui e ali.
A paisagem é surpreendente para quem está há dias com as retinas acostumadas às sombras dos arranha-céus.
Depois de duas horas sobre trilhos, chega-se à estação Beacon -no meio tempo, dá até uma sensação de ter errado de linha, porque ela nunca chega.
Uma vez lá, basta seguir as placas para avistar um prédio que um dia foi fábrica de embalagens da Nabisco (sigla para The National Biscuit Company, ou companhia nacional de biscoitos), que faz biscoitos.
Ali dentro dos 22 mil metros quadrados da construção, o maquinário deu lugar a uma impressionante coleção de arte contemporânea.
Para isso, um parêntese no passeio. Se você é fã de arte contemporânea, provavelmente já conhece o museu e não acha absurdo sair de Manhattan só por causa dele. Se você não é, dê a chance.
De alguma forma, talvez pela maneira como as obras estão expostas ou pela seleção dos trabalhos dessa coleção, existe alguma coisa ali que faz a arte contemporânea parecer menos distante, menos difícil, menos incompreensível.
Não que todas as obras sejam fantásticas e façam o visitante entender tudo que está sob essa nomenclatura. Também não vai acontecer um clique que transforma esse universo hermético em algo familiar. Mas entre uma sala e outra, há obras sedutoras mesmo aos mais resistentes.
Exemplos: até setembro deste ano fica em cartaz uma exposição do artista plástico norte-americano Sol LeWitt, com desenhos feitos na parede a partir de regras estabelecidas pelo artista.
Outro exemplo são as enormes elipses do escultor Richard Serra. Você entra nas espirais e vai ficando tonto. Mais um: os planos definidos a partir de linhas do artista nova-iorquino Fred Sandback. E outro: a sala dedicada à obra "Shadows", de Andy Warhol.
Vale dedicar algumas horas para passear pelo museu, também pela adaptação do prédio à função de espaço expositivo.
Também pela forma com que as salas acolhem as obras, cada uma no seu espaço. Também pelo absurdo de estar em um lugar bucólico no meio de uma viagem de férias a uma megalópole. (HELOISA LUPINACCI)

DIA BEACON
Até 13/11, fica aberta das 11h às 18h, de qui. a seg.; de 17/11 a 13/ 4/09, fica aberta das 11h às 16h, de sex. a seg.; 00/xx/1/845/440-0100; somente o ingresso, sem os bilhetes de trem, custa US$ 10 www.diabeacon.org

GRAND CENTRAL TERMINAL
A estação fica aberta diariamente das 5h30 à 1h30; informação sobre tours guiados pelo tel.: 00/xx/1/ 212/340-2347
http://grandcentralterminal.com


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