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giro pelo mundo
Tesouro arquitetônico na Ucrânia vive obra polêmica
REFORMA TOTAL Lviv, que completa 750 anos, passa por renovação que irrita historiadores; cidade já foi do império Austro-Húngaro, da Polônia e da ex-URSS
DA REUTERS
A cidade de Lviv, considerada
uma jóia arquitetônica, tem seu
750º aniversário marcado por
uma renovação de sua praça
principal. Mas nem todos comemoram o feito. Historiadores e ativistas culturias estão
furiosos com os desdobramentos do projeto.
O conselho local busca interromper décadas de deterioração e atrair turistas europeus
para as ruas de pedra e para os
becos da cidade que ao longo do
século passado foi governada
por austríacos, poloneses, soviéticos e, agora, ucranianos.
Mas a restauração tem provocado intenso debate sobre a
capacidade da Ucrânia de preservar tesouros artísticos.
O centro de Lviv é patrimônio da huminadade pela Unesco, e a praça Rynok, reconstruída diversas vezes depois de
guerras ou incêndios, é seu
ponto central.
Críticos alegam que a restauração desfigurou a praça. "Imagine pegar uma velha e passar
batom, máscara e blush nela
para fazê-la parecer uma jovem
garota", afirma Valery Potyuk,
líder do braço de Lviv do fundo
cultural da Ucrânia. "Você não
consegue olhar porque é desagradável e artificial."
Estudantes e jornalistas lutaram para bloquear a renovação.
A praça existe desde a Idade
Média e mescla estilos que vão
do século 13 ao 18.
As autoridades da cidade de
850 mil habitantes defendem o
projeto. "Nenhuma pedra moderna foi usada. Tudo é da época apropriada e foi bem feito",
diz Vasyl Myskiv, chefe do departamento de construção da
prefeitura.
"Nós fizemos uma pesquisa
arqueológica e mudamos a infra-estrutura. Isso significa novos encanamentos de gás e de
água, linhas de bonde e a renovação de fontes, da iluminação
pública e do calçamento."
Críticos da renovação afirmam que ela foi apressada e remendada. "Tudo foi feito com
pressa", diz Oleg Matsekh, ativista cultural que lidera protestos. "Nós vemos ruas de pedra
serem cobertas com concreto.
Vemos a instalação de iluminação moderna em casas históricas. Vemos cabos elétricos em
fontes. Não é possível chamar
isso de renovação."
Myskiv, do departamento de
construção, refuta. "Ninguém
fez nada durante cem anos. Os
encanamentos de água estão
muito velhos. Os cabos elétricos não foram mudados. A reconstrução era vital". Projetos
para completar a restauração
estão em planejamento.
Palazzos do Renacimeto e
outros prédios em estilo vienense do começo do século estão aos pedaços. Celeiros góticos estão submersos. Encanamentos de madeira da Idade
Média estão em ruínas. Afrescos estão apagados ou escondidos sob camadas de tintas. Telhados têm buracos abertos.
"A qualquer lugar a que você
vai no centro da cidade, as coisas são velhas -ruas velhas,
prédios velhos", diz Myskiv.
Vários "donos"
Lviv é um vibrante exemplo
das mudanças que aconteceram na Europa no último século. Os prédios góticos e barrocos e os suntuosos cafés fazem
com que Lviv lembre Viena por
uma boa razão: chamada então
de Lemberg, a cidade era um
posto do império Austro-Húgaro até o fim deste, em 1918.
A influência polonesa -que
assumiu o que se tornou Lwow
em 1918- está por todos os lados. Blocos de torres suburbanas são os signos do legado soviético de 1939, quando o
Kremlin anexou a então Lvov e
a parte ocidental da Ucrânia.
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