São Paulo, segunda, 20 de janeiro de 1997.

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FILHOS DE GANDHI
Com 20 mil pontos turísticos, cidades antiga e nova são coração político da Índia desde o século 19
Línguas de Déli confundem os visitantes

free-lance para a Folha

Déli é bonita, mas, como toda cidade grande, misteriosa. Ela desafia os visitantes com 20 mil pontos turísticos e 4 idiomas: hindi, urdo, punjabi e inglês.
A cidade tem grandes edifícios e muito verde. O trânsito é caótico, mas sinalizado. Não há animais soltos pelas ruas, diferentemente de quase todas as cidades indianas.
A velha Déli foi a capital da Índia muçulmana entre os séculos 19 e 20. Na parte antiga, encontram-se mesquitas, fortalezas e monumentos relacionados com a história muçulmana do país.
Construída por Shah Jahan no século 17, hoje é considerada centro da história indo-islâmica.
Visite a área das mesquitas com cuidado, porque é uma região de conflitos religiosos, ainda que a polícia esteja sempre alerta.
A rua principal da velha Déli é a Chandini Chowk, conhecida como a rua da Prata, onde se encontram técnicas milenares de ourivesaria.
No extremo oeste da Chandini Chowk fica a mesquita Fatehpur, erguida em 1650 por uma das mulheres do imperador Shah Jahan.
Outra atração é o forte Vermelho, mandado construir por Shah Jahan, famoso por ser um trabalho delicadamente esculpido, incrustado de pedras semipreciosas.
Criação britânica
Já Nova Déli, conhecida como cidade imperial, foi criada pelos britânicos. Durante a dominação britânica, a capital indiana foi Calcutá, até Nova Déli ser construída, em 1911, por sir Edwin Lutyens e sir Herbert Barker.
Os edifícios públicos em arenito vermelho são no estilo mogul -do apogeu do mundo indo-islâmico, que permaneceu no governo indiano entre 1526 e 1707.
Os períodos da história de Déli são reconhecidos nos edifícios da cidade. Uma das marcas é o Qutab Minar (1193-1320), complexo cuja característica é a combinação de estilos indianos com os dos invasores muçulmanos.
Os principais elementos deixados foram as cúpulas e os arcos. O Qutab Minar tem 73 metros de altura e é uma das mais perfeitas torres do mundo persa.
Bem perto, entre as ruínas da mesquita Quwut-ul-Islam, fica o Pilar de Ferro, que sobrevive às calamidades da natureza há mais de 1.500 anos e não enferruja.
Os roteiros incluem o templo Birla Laxmi Narayan e o observatório astronômico Jantar-Mantar.
Vale a pena visitar o museu da Estrada de Ferro, com a exótica coleção de locomotivas da Índia, entre elas uma máquina a vapor de 1885 ainda em funcionamento.
O monumento a Gandhi, em Nova Déli, é passagem quase obrigatória para os visitantes. É um grande jardim de frondosas árvores e muito verde.
Gente com turbantes de todas as cores. Fisionomias cansadas, corpos vergados, porém com uma coisa em comum: a fé, a certeza que o grande líder espiritual está presente ali, abençoando a Índia.
Ninguém resiste -mesmo os menos consumistas- a um passeio pelo centro financeiro e turístico de Nova Déli, a Connaught Place, no extremo norte da cidade.
É uma praça com edifícios de características arquitetônicas semelhantes. Lá há várias lojas, agências de companhias aéreas e muita gente pronta a fornecer qualquer informação. (AZENI PASSOS)

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