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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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Patativa extraiu versos da terra seca de Cariri

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos nomes mais importantes da poesia popular brasileira é o de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré. Patativa por analogia ao pássaro mais canoro da região do Cariri. Assaré, o nome de sua cidade natal, no interior do Ceará.
Filho de agricultores e também ele agricultor, Patativa extraiu da terra seca mais que os grãos e verduras necessários ao sustento da família. Descobriu -e fez questão de mostrar- que dali também era possível colher poesia.
Cantou o orgulho no olhar do vaqueiro, o trabalho na roça, o sabor das frutas locais e lembranças de sua infância sertaneja, como quando encontrou deslumbrado, entre os galhos do juá, um ninho de sabiá.
Patativa valorizava o sertão e a cultura popular, mas nem por isso tudo são flores em sua poesia. Sem poupar a responsabilidade do governo, a seca é tema recorrente em sua obra, incluindo uma de suas poesias mais famosas, "A Triste Partida", musicada por Luís Gonzaga em 1964. "O carro já corre no tôpo da serra/ oiando pra terra/ seu berço, seu lá/ aquele nortista partido de pena/ e longe inda acena/ adeus, Ceará!"
A "seca terrível, que tudo devora" não conseguiu, contudo, afastar Patativa de seu sertão. Quando jovem, o poeta morou em Belém (PA) durante quatro meses. Mas logo voltou à terra natal. Patativa morreu em julho do ano passado, em Assaré, aos 93 anos de idade.
Um de seus livros, "História de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa", será incluído neste ano na lista de livros do Ministério da Educação para a rede de ensino público. No ano passado, a FDR (Fundação Demócrito Rocha), em parceria com a Fundação Raimundo Fagner, lançou dois CDs com a obra de Patativa: "Poemas e Canções" e "A Terra É Naturá". Os CDs podem ser comprados, por R$ 10 cada um, no site www. fdr.com.br ou no telefone (0/xx/ 85/255-6176). (AL)


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