SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Das lentes de Tiago Santana tradicionalmente brotam retratos vigorosos e um Ceará digno, marcado pela densidade humana.
Nascido há 36 anos no Crato, próximo a Juazeiro do Norte, onde passou a infância, esse cearense enveredou pela fotografia em 1989, revelando sua arte ao capturar -sem pieguice ou armações- a religiosidade dos sertanejos. O resultado está no livro "Benditos", da editora Tempo d'Imagem, que fundou com Celso Oliveira em 1995.
"Os romeiros encontram em Juazeiro um lugar onde podem ter esperança, amparo, sonho, luz", diz ele. A edição -bem cuidada- de "Benditos" (R$ 60) enfeixa fotos em preto e branco acompanhadas de textos de Gilmar de Carvalho, Rubens Fernandes Jr. e João Bosco A. Souza.
São instantâneos que plasmam personagens encasacados, sérios, simples mas empertigados, numa atmosfera mística, pontilhada de cruzes. Em meio a imagens do padre Cícero, de Cristo e da Virgem, surgem meninos, matutos e mulheres de véu emoldurados pela aura retorcida do sertão.
O enquadramento é sempre ousado, desafia a gravidade e captura olhares fugazes.
Mas Tiago Santana também fez a travessia do sertão para o litoral e do preto e branco para a cor no livro "Mar de Luz" (R$ 50), também editado pela Tempo d'Imagem, onde há ainda trabalhos de outros fotógrafos. Esse livro mostra o mar rasgado, dunas, barcos, pescadores na sua lida e peixes. Em cores vívidas, surgem retratos faceiros: os personagens tecem redes, se lançam de jangada pela orla, vivem do mar e para o mar. "Mar de Luz" mira ainda as praias do Futuro, Redonda e Icaraí.
Com entrada franca, fotos de Tiago Santana podem ser vistas em São Paulo a partir desta quarta, dia 22, no Sesc Pompéia (rua Clélia, 93; www.sescsp.org.br), na mostra "O Chão de Graciliano". De terça a sábado, das 9h às 20h30; no domingo, das 9h às 19h.


Texto Anterior: Na serra, Guaramiranga embala Carnaval com festival de jazz
Próximo Texto: Fernando Gabeira: Illinois, a luz no fim do corredor da morte
Índice