São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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Habitantes cativam com doce e fé

do enviado especial

Em São Cristóvão, há duas pessoas que cativam pela simpatia e pela humildade.
São eles Maria Eugênia Sobral, 87, a dona Geninha, e Manuel Santos, 63. Vale a pena conversar com ambos.
A dona Geninha é responsável pelo doce mais famoso e tradicional da cidade, a queijada.
Apesar do nome, queijo não entra na lista de ingredientes. O doce -no formato de um círculo- é feito com coco, ovos, açúcar, farinha de trigo e manteiga.
De consistência firme e sabor suave -não é excessivamente doce-, a queijada é comercializada por R$ 1 a unidade.
É uma boa pedida para comer no café da manhã ou simplesmente num lanche.
Dona Geninha, que, além da queijada, faz outros doces desde os 20 anos, vende as iguarias em sua própria casa.
E o endereço? Descobri-lo é muito fácil. Basta perguntar onde a doceira mora. Todos os moradores da cidade sabem.
"Vem bastante turista, tanto brasileiro quanto estrangeiro, comprar queijada aqui", afirma dona Geninha. "O meu doce é conhecido até na Espanha."

Guia da igreja
Manoel Santos é o guia da igreja da Ordem Terceira do Carmo. Está na profissão há 20 anos. "Antes, eu não fazia nada."
Carismático, Santos demonstra grande conhecimento sobre os aspectos religiosos, artísticos e arquitetônicos do templo.
Sua renda é obtida por meio de uma pensão de meio salário mínimo e as gorjetas que geralmente recebe dos visitantes.
Religioso, ele diz que faz o serviço com "a alma e o coração". E completa: "Até hoje não sei o que é sentir uma tristeza".
"Tenho uma leitura pequenininha. Fui aprendendo as coisas com o passar do tempo", afirma Santos. Deficiente físico, ele dispensa o uso de sua cadeira de rodas, pelo menos enquanto está trabalhando.
Ela fica parada na frente da porta da igreja. Auxiliado por amigos, Santos é levado para o interior do templo. "Nós, deficientes físicos, devemos sempre estar alegres com Deus e com os amigos", diz.
Caravanas
Com protetores de joelhos e mãos, ele permanece no chão contando a história para os turistas.
"Depois dos sergipanos, vêm muitos paulistas, cearenses, baianos e cariocas."
Santos diz também que muitas caravanas de pessoas religiosas vêm visitar a igreja.
"Elas agradecem às graças e milagres recebidos", afirma.
(CSc)



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