São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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PEQUENO NOTÁVEL
Vestido a caráter, grupo folclórico relembra batalhas históricas com armas antigas e tiros de festim
Bacamarteiro faz show em ponto de bala

do enviado especial a Sergipe

A lembrança de velhas guerras, batalhas e disputas ocorridas no Brasil-Colônia, passando pelo Império e chegando até o cangaço, na década de 30, é o principal tema dos grupos de bacamarteiros que existem em Sergipe e em todo o resto do Nordeste.
Segundo a folclorista e professora aposentada da Universidade Federal de Sergipe Núbia do Nascimento Marques, 70, a origem do termo bacamarte é francesa -vem de "braquemart", que significa arma de fogo.
E é exatamente com réplicas dessas antigas armas que os grupos -basicamente formados por homens- rememoram fatos históricos como a campanha de Canudos e a luta dos portugueses para expulsar os holandeses.
Os grupos sergipanos são do tipo boca-de-sino, ou seja, usam pólvora seca na arma. "É por isso que levanta aquela fumaceira danada durante uma apresentação", afirma Núbia.
No grupo de São Cristóvão, formado por 22 pessoas de ambos os sexos, a vestimenta é composta por calça e camisa azul e chapéu de couro. "Estamos na rua só para passar alegria e relembrar antigas disputas", diz o bacamarteiro Raimundo Bispo dos Santos, 72.
A apresentação é muito ruidosa. Tiros e mais tiros são dados sob os olhares curiosos da população e dos turistas. Segundos depois, uma imensa nuvem de fumaça cobre todos. Enquanto caminham, os bacamarteiros cantam músicas populares e dançam. (CSc)



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