São Paulo, segunda, 21 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REINO FLORIDO
Criada para conter revoltas do lado de fora, fortaleza virou presídio e passou a deter e executar revoltosos
Torre de Londres é monumento à tortura


do enviado especial a Londres


Construída, modificada e ampliada ao longo dos séculos, a Torre de Londres acabou virando um Frankenstein arquitetônico que vale as 8,50 libras pagas pelo ingresso.
Na verdade, Torre de Londres é o nome de um complexo que abriga 21 torres -ou pelo menos edificações batizadas com esse termo- em seu interior.
Quando ergueu a primeira fortificação em 1067, William 1º queria manter as revoltas do lado de fora dos muros. Um século depois, convertido em presídio, o complexo era usado para conter revoltosos do lado de dentro. E, eventualmente, executá-los.
Esse passado sangrento é o que torna a visita interessante.
A Martin Tower conserva instrumentos de tortura, além de blocos e machados usados em decapitações. A área gramada na frente da Beauchamp Tower serviu de palco para a execução de sete prisioneiros, entre eles, Ana Bolena (segunda mulher de Henrique 8º), em 19 de maio de 1536.
Tesouro
Uma coleção de armas motiva a visita à White Tower, que domina o centro do complexo. Concluída em 1097, era, com seus 30 metros, o edifício mais alto de Londres.
Com fama de inexpugnável, desde os primeiros anos do século 14 a Torre de Londres conserva em seu interior as jóias da coroa britânica.
Ver cetros em ouro e espadas cravejadas de diamantes inspira sonhos de independência financeira. Para dar uma idéia, só a coroa feita para a rainha Vitória, em 1837, ostenta 2.800 diamantes e outras pedras preciosas.
Cruzeiro
Se você estiver na área do Big Ben e resolver visitar a Torre de Londres, pode aproveitar e fazer o cruzeiro de barco que demora 30 minutos e une os dois pontos.
Como em qualquer rio do mundo, após alguns minutos, um cruzeiro pelo Tâmisa se revela uma experiência enfadonha. Mas é difícil resistir à tentação.
Para atenuar a vontade incontrolável de se atirar nas águas escuras do rio londrino -motivada pelo enfado-, concentre-se naquilo que de fato importa.
A viagem começa com a embarcação fazendo a volta e oferecendo uma vista privilegiada do Big Ben e do Parlamento.
Cinco minutos depois, à esquerda, aparece a Cleopatra's Neddle, monumento de granito construído por volta de 1500 e doado a Londres pelo vice-rei egípcio Mohammed Ali, em 1819.
Após cruzar a ponte Waterloo, você vê, à direita, a OXO Tower. As janelas da edificação formam as letras que dão nome à torre e a uma marca de caldo de carne. Toda adornada, a ponte Blackfriars é a atração seguinte.
É chegada a hora de admirar a cúpula da catedral de St. Paul's, à esquerda. Com 110 m, o domo da igreja só perde em altura para o da catedral de São Pedro, em Roma.
Ainda do lado esquerdo, logo depois da ponte de Londres, surge a ponta do Monumento, coluna erguida onde começou o Grande Incêndio de 1666. Apesar de ter feito poucas vítimas, o incêndio durou cinco dias e destruiu 13 mil casas.
Pronto, a Torre de Londres começa a despontar no horizonte. Agora é só esperar mais uma voltinha sob a ponte da Torre e é chegada a hora de desembarcar.
(EDSON FRANCO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã