São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2005

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FIM DE SEMANA / PICINGUABA - 272 KM DE SP

Picinguaba incita face artística do turista

Escondida, vila de pescadores a 40 km de Ubatuba serve de refúgio de artistas e de estrangeiros em busca de contato com a natureza

MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A PICINGUABA (SP)

"Bem-vindo, welcome e bien venue" saúda a placa na entrada de Picinguaba, confirmando ao turista ter chegado a uma vila de pescadores que integra o Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba, no litoral norte paulista. O aviso trilíngüe tem uma função importante, pois a impressão é que, naquele refúgio em meio à mata atlântica, não se deve entrar sem pedir licença. Em pouco tempo, no entanto, o viajante irá cruzar com os nativos algumas vezes durante o dia, e o cumprimento se tornará corriqueiro, cumprindo-se a sensação de acolhimento, como anunciava a placa.
Na vila de 700 habitantes, avistam-se barcos no mar e pescadores cuidando de tarrafas na areia. Por ali, percebe-se a torre de Babel, ou melhor, a de Picinguaba. Encontram-se franceses, belgas, americanos, ingleses, australianos, suecos e espanhóis entre outros estrangeiros que buscam desbravar esse lugar escondido. Muitos vêm pela proximidade de Paraty, que está a 30 minutos dali, ou de Ubatuba, a 40 km, ou pela divulgação internacional da pousada Picinguaba, do francês Emmanuel Rengade, ali há quatro anos.
Além dos estrangeiros, a vila cativa os apreciadores de arte que se inspiram em sua paisagem calma e preservada. Os donos de duas outras pousadas, os ceramistas Antonio d'Miranda, da Santa Martha das Pedras, e Rosa Penteado, da pousada de mesmo nome, têm esculturas ou utilitários espalhados pela casa e pelos quartos. Ambos incentivam a arte entre os hóspedes.
É comum ver alguém sacando um lápis na praia para reproduzir em papel o vilarejo, como a norte-americana Cheri Briscoe, de Wisconsin, que rabiscava uma folha enquanto olhava o mar.
Nas pousadas coincide também a data de abertura -dois anos e meio- e uma acolhida familiar. Os donos sentam-se à mesa no café e no jantar com o hóspede; têm uma geladeira da honestidade, na qual os clientes marcam o que pegam, fazem cerâmica no inverno, quando sobra mais tempo para se dedicar a ela, vendem as peças e apresentam a queima da cerâmica para os visitantes em datas específicas. Uma das diferenças é o fato de a hospedagem de Rosa Penteado estar em frente ao mar, e a de Antonio d'Miranda, no alto.
Já a pousada Picinguaba, em estilo rústico, destaca-se pelo que não tem. "Não tem relógio, não tem ar-condicionado e não se chega de carro. Aqui é para curtir a natureza", diz Emmanuel.

Passeios
A ilha das Couves, a dez minutos de barco da vila, e a praia da Fazenda são territórios exclusivos de quem prefere não ter guarda-sóis a sua volta. Na ilha das Couves, o turista pode relaxar em duas pequenas praias. Para ir até lá, é só combinar o horário da partida e da volta com um dos pescadores que ficam no núcleo da vila. Custa R$ 20 por pessoa.
Para chegar à praia da Fazenda, cuja particularidade é estar rodeada de um lado pelo mar e do outro pelos rios Picinguaba e Fazenda, os hóspedes das pousadas Santa Martha das Pedras e Rosa Penteado podem ir de caiaque. Nos dois passeios, é bom levar um pequeno farnel com água, fruta ou sanduíche, pois as praias são desertas.


Margarete Magalhães e Juliana Doretto se hospedaram a convite da pousada Santa Martha das Pedras.

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