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FIM DE SEMANA / PICINGUABA - 272 KM DE SP
Picinguaba incita face artística do turista
Escondida, vila de pescadores a 40 km de Ubatuba serve de refúgio de artistas e de estrangeiros em busca de contato com a natureza
MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A PICINGUABA (SP)
"Bem-vindo, welcome e bien
venue" saúda a placa na entrada
de Picinguaba, confirmando ao
turista ter chegado a uma vila de
pescadores que integra o Parque
Estadual da Serra do Mar, em
Ubatuba, no litoral norte paulista.
O aviso trilíngüe tem uma função
importante, pois a impressão é
que, naquele refúgio em meio à
mata atlântica, não se deve entrar
sem pedir licença. Em pouco tempo, no entanto, o viajante irá cruzar com os nativos algumas vezes
durante o dia, e o cumprimento se
tornará corriqueiro, cumprindo-se a sensação de acolhimento, como anunciava a placa.
Na vila de 700 habitantes, avistam-se barcos no mar e pescadores cuidando de tarrafas na areia.
Por ali, percebe-se a torre de Babel, ou melhor, a de Picinguaba.
Encontram-se franceses, belgas,
americanos, ingleses, australianos, suecos e espanhóis entre outros estrangeiros que buscam desbravar esse lugar escondido. Muitos vêm pela proximidade de Paraty, que está a 30 minutos dali, ou
de Ubatuba, a 40 km, ou pela divulgação internacional da pousada Picinguaba, do francês Emmanuel Rengade, ali há quatro anos.
Além dos estrangeiros, a vila cativa os apreciadores de arte que se
inspiram em sua paisagem calma
e preservada. Os donos de duas
outras pousadas, os ceramistas
Antonio d'Miranda, da Santa
Martha das Pedras, e Rosa Penteado, da pousada de mesmo nome, têm esculturas ou utilitários
espalhados pela casa e pelos quartos. Ambos incentivam a arte entre os hóspedes.
É comum ver alguém sacando
um lápis na praia para reproduzir
em papel o vilarejo, como a norte-americana Cheri Briscoe, de Wisconsin, que rabiscava uma folha
enquanto olhava o mar.
Nas pousadas coincide também
a data de abertura -dois anos e
meio- e uma acolhida familiar.
Os donos sentam-se à mesa no café e no jantar com o hóspede; têm
uma geladeira da honestidade, na
qual os clientes marcam o que pegam, fazem cerâmica no inverno,
quando sobra mais tempo para se
dedicar a ela, vendem as peças e
apresentam a queima da cerâmica para os visitantes em datas específicas. Uma das diferenças é o
fato de a hospedagem de Rosa
Penteado estar em frente ao mar,
e a de Antonio d'Miranda, no alto.
Já a pousada Picinguaba, em estilo rústico, destaca-se pelo que
não tem. "Não tem relógio, não
tem ar-condicionado e não se
chega de carro. Aqui é para curtir
a natureza", diz Emmanuel.
Passeios
A ilha das Couves, a dez minutos de barco da vila, e a praia da
Fazenda são territórios exclusivos
de quem prefere não ter guarda-sóis a sua volta. Na ilha das Couves, o turista pode relaxar em
duas pequenas praias. Para ir até
lá, é só combinar o horário da partida e da volta com um dos pescadores que ficam no núcleo da vila.
Custa R$ 20 por pessoa.
Para chegar à praia da Fazenda,
cuja particularidade é estar rodeada de um lado pelo mar e do outro
pelos rios Picinguaba e Fazenda,
os hóspedes das pousadas Santa
Martha das Pedras e Rosa Penteado podem ir de caiaque. Nos dois
passeios, é bom levar um pequeno farnel com água, fruta ou sanduíche, pois as praias são desertas.
Margarete Magalhães e Juliana Doretto se hospedaram a convite da pousada Santa Martha das Pedras.
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