São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2001

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INTERIOR DE SP

Tradição e receitas doadas por hóspedes enriquecem cardápio, que vai virar livro

Delícias do Pinhal proíbem regime

DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS (SP)

Neuróticos por regime, fujam da fazenda Pinhal. A tradição das receitas da propriedade, as contribuições deixadas pelos hóspedes, o tempero da cozinheira Ana Maria Alves Gomes e as mãos da doceira Creuza Aparecida dos Santos da Silva fazem da propriedade o local ideal para quem precisa ganhar peso ou simplesmente quer se render às delícias da gastronomia sem -ou com- culpa.
Pense, por exemplo, num frango ensopado ao molho de maracujá que derrete na boca na primeira mastigação. Ou num cuscuz com filé de peixe de verdade -o cuscuz do conde-, e não feito com sardinha, como a maioria desses pratos.
Além das iguarias criadas pela própria Ana Maria, muitos dos pratos servidos na fazenda vêm de um livro de receitas da Pinhal, que reúne desde iguarias tradicionais até contribuições de hóspedes que deixam de lembrança suas receitas preferidas. Todas são testadas por Ana Maria, que diz conseguir fazer um prato lendo a receita só uma vez.
O intercâmbio entre hóspede e fazenda também é ampliado para os leitores do site da Pinhal na internet (www.fazendapinhal.com.br), no qual há algumas dessas receitas. Futuramente ainda será publicado um livro.
A variedade de doces, na sobremesa, vai desde os mais diferentes, como de jaca, até os mais tradicionais: abóbora com coco e doce de leite -o último é o preferido dos hóspedes e obrigatório em todo final de semana.
Creuza tenta aproveitar todas as frutas dos dois pomares da propriedade -o histórico e o atual, que totalizam cinco hectares- para moldar sua arte. "De um doce, você tira a receita para outros." Com tal filosofia, a doceira inventou os doces de lima-da-pérsia e de limão, por exemplo.
Os frutos também servem como matéria-prima para licores, geléias -como de tomate verde, tomate maduro e caqui- e até um xarope de mel, gengibre e favacão, capaz de aliviar a gripe de uma maneira tão ou mais eficaz que muito remédio de laboratório.
Fora os doces que a patroa de Creuza, Helena Carvalhosa, de vez em quando traz de outras cidades e pede para ela reproduzir. Como as cascas cristalizadas (também úteis contra gripe e dor de garganta), as quais Creuza demorou uns quatro meses para acertar após muito experimentar.
O hóspede acaba não resistindo e leva para casa alguns desses quitutes (veja preços em tabela nesta página), na expectativa de prolongar por mais uns dias o prazer à mesa. Com a venda de cada produto, 13% fica para a confeteira.
Embora com tanto trabalho, ela diz ter prazer no seu ofício, mesmo quando tem de ficar quatro horas de pé mexendo uma panela de doce, e raramente aceita ajuda. "Prefiro trabalhar sozinha porque fico mais concentrada."
(MARISTELA DO VALLE)



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