DA ENVIADA ESPECIAL

Louça européia, retratos pintados à mão, móveis de madeira nobre e uma coleção literária raríssima são alguns dos legados deixados pelo conde do Pinhal na propriedade que leva o nome do seu título nobre.
Circulando pelos cômodos da casa-grande, o visitante tem a impressão de que vai acabar cruzando a qualquer momento com algum ser humano de sangue azul.
É muito fácil imaginar uma donzela de vestido longo ao piano da sala de música, também chamada de sala das moças, por abrigar as aulas particulares das mulheres, que recebiam instruções em casa -ao contrário dos homens, que frequentavam escolas, segundo o guia Sá Neto.
Também fica no corpo da sede a capela, que ainda hoje celebra missa todo mês e faz parte da diocese de São Carlos, o que permite que ali haja casamentos.
No altar, neoclássico, há provisoriamente a imagem de são Carlos Borromeo, de 1857, protetor da cidade de São Carlos. A imagem costuma ficar na catedral da cidade e só vai para a fazenda em novembro, na comemoração do dia do santo, mas hoje está na Pinhal devido ao centenário da morte do conde, em março.
O mesmo salão que antigamente era reservado aos escravos hoje abriga os fiéis. Em um dos seus cantos, uma espécie de penteadeira acomoda um cartão de visitas de dom Pedro 2º, num porta-retratos, e uma cesta de piquenique recheada de objetos úteis para o folguedo, como prato e talheres.
Também a biblioteca da casa tem um acervo com raridades como exemplares da "Revista Moderna", publicação em português editada em Paris que contava com a colaboração de Eça de Queiroz.
O periódico chegou a publicar em capítulos a então inédita obra "A Ilustre Casa de Ramires" (1900), embora não a tenha publicado até o fim, já que a revista parou de circular antes do fim da história. As obras da biblioteca devem ser recuperadas em breve.



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