São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
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VERÃO SICILIANO
Fundada pelos gregos em 729 a.C., cidade sempre vivenciou invasões estrangeiras, terremotos e erupções
Catânia ainda resiste à fúria do vulcão Etna

FERNANDA DA ESCÓSSIA
enviada especial à Sicília

De um lado, o Jônico, um pequeno mar no Mediterrâneo. Do outro, o Etna, o maior vulcão ativo da Europa. Entre o mar e o vulcão, estende-se a Província de Catânia, no leste da Sicília -a ilha na ponta da bota da Itália continental.
No verão que começa hoje, a Sicília reage para substituir a imagem de "terra da Máfia" por outra, turística, marcada por uma encruzilhada de histórias e pela natureza.
Catânia é uma região de solo fértil, mar de um azul profundo e gente generosa. A história do lugar, que sobreviveu ao vulcão e aos terremotos, mistura conquistas bélicas e amores mitológicos.
Segundo os registros deixados pelo historiador grego Tucídides, a cidade de Catânia (capital da Província) foi fundada pelos gregos, em 729 a.C.
Por três séculos, a cidade permaneceu em mãos gregas, sempre em guerra com a vizinha Siracusa pela hegemonia do lugar.
Importante entreposto comercial, foi conquistada pelos romanos e, já na Era Cristã, por bizantinos, sarracenos e normandos.
Do período greco-romano restam alguns poucos sinais, como as ruínas de um teatro e um anfiteatro. A arquitetura e o dialeto sicilianos deixam perceber a grande influência árabe na região.
Os normandos iniciaram, sobre as ruínas de termas romanas, a construção da catedral. A igreja é dedicada à padroeira da cidade, santa Ágata, martirizada no século 4º da Era Cristã pelos sarracenos. Por ter recusado o papel de amante do governador de então, teve os seios arrancados.
A festa de santa Ágata, no mês de fevereiro, é um marco na vida de Catânia. Na procissão, artesãos de várias categorias -uma herança dos tempos das corporações de ofício medievais- dançam carregando os gigantescos "candelori" -espécie de candelabro de 3 m de altura com velas acesas.

Eterna reconstrução
A história de Catânia é também a história de uma cidade reerguida depois de terremotos e erupções vulcânicas. Em 1169, um terremoto destruiu parte da cidade e, 500 anos depois, em 1669, o Etna a cobriu de lava.
Em 1693, novo terremoto. A cidade foi então reconstruída a partir de um plano que facilita a ação em caso de abalos sísmicos, com grandes praças servindo de refúgio. Catânia, que era voltada para o mar, foi recortada por ruas largas -e uma delas, chamada hoje de via Etnea, chega até o vulcão.
Assim, a arquitetura que se vê hoje em Catânia é a do esplendor do barroco. A via Etnea é um endereço chique do centro, onde se encontram as melhores lojas.
A cidade de Catânia tem cerca de 350 mil habitantes, mas é ladeada por outras pequenas cidades, todas à beira-mar. A economia da região é baseada em serviços, principalmente no comércio.


Fernanda da Escóssia viajou à Sicília a convite da Azienda Proviciale Turismo Catania e da companhia aérea Alitalia.


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