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VERÃO SICILIANO
Fundada pelos gregos em 729 a.C., cidade sempre vivenciou invasões estrangeiras, terremotos e erupções
Catânia ainda resiste à fúria do vulcão Etna
FERNANDA DA ESCÓSSIA
enviada especial à Sicília
De um lado, o Jônico, um pequeno mar no Mediterrâneo. Do outro, o Etna, o maior vulcão ativo da
Europa. Entre o mar e o vulcão, estende-se a Província de Catânia,
no leste da Sicília -a ilha na ponta
da bota da Itália continental.
No verão que começa hoje, a Sicília reage para substituir a imagem
de "terra da Máfia" por outra, turística, marcada por uma encruzilhada de histórias e pela natureza.
Catânia é uma região de solo fértil, mar de um azul profundo e gente generosa. A história do lugar,
que sobreviveu ao vulcão e aos terremotos, mistura conquistas bélicas e amores mitológicos.
Segundo os registros deixados
pelo historiador grego Tucídides, a
cidade de Catânia (capital da Província) foi fundada pelos gregos,
em 729 a.C.
Por três séculos, a cidade permaneceu em mãos gregas, sempre em
guerra com a vizinha Siracusa pela
hegemonia do lugar.
Importante entreposto comercial, foi conquistada pelos romanos e, já na Era Cristã, por bizantinos, sarracenos e normandos.
Do período greco-romano restam alguns poucos sinais, como as
ruínas de um teatro e um anfiteatro. A arquitetura e o dialeto sicilianos deixam perceber a grande
influência árabe na região.
Os normandos iniciaram, sobre
as ruínas de termas romanas, a
construção da catedral. A igreja é
dedicada à padroeira da cidade,
santa Ágata, martirizada no século
4º da Era Cristã pelos sarracenos.
Por ter recusado o papel de amante
do governador de então, teve os
seios arrancados.
A festa de santa Ágata, no mês de
fevereiro, é um marco na vida de
Catânia. Na procissão, artesãos de
várias categorias -uma herança
dos tempos das corporações de
ofício medievais- dançam carregando os gigantescos "candelori"
-espécie de candelabro de 3 m de
altura com velas acesas.
Eterna reconstrução
A história de Catânia é também a
história de uma cidade reerguida
depois de terremotos e erupções
vulcânicas. Em 1169, um terremoto
destruiu parte da cidade e, 500
anos depois, em 1669, o Etna a cobriu de lava.
Em 1693, novo terremoto. A cidade foi então reconstruída a partir de um plano que facilita a ação
em caso de abalos sísmicos, com
grandes praças servindo de refúgio. Catânia, que era voltada para o
mar, foi recortada por ruas largas
-e uma delas, chamada hoje de
via Etnea, chega até o vulcão.
Assim, a arquitetura que se vê
hoje em Catânia é a do esplendor
do barroco. A via Etnea é um endereço chique do centro, onde se encontram as melhores lojas.
A cidade de Catânia tem cerca de
350 mil habitantes, mas é ladeada
por outras pequenas cidades, todas à beira-mar. A economia da região é baseada em serviços, principalmente no comércio.
Fernanda da Escóssia viajou à Sicília a convite
da Azienda Proviciale Turismo Catania e da companhia aérea Alitalia.
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