São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁGUAS E TRILHAS
Com o esporte, turistas treinam e se acostumam ao equipamento de segurança antes de descer cachoeira
Criança de 7 anos enfrenta desafio do rapel

Lili Martins / Folha Imagem
Renata Reno, 19, pratica o canyoning na caichoeira do Astor, em Brotas


da enviada especial a Brotas

O dia de aventura começa às 9h, depois que todo mundo está no ônibus rumo ao parque dos Saltos para treinar rapel numa parede natural de 12 metros de altura.
Esportistas iniciantes se misturam aos fãs com prática de canyoning. No parque, em uma árvore que parece feita para o treino, os monitores mostram o equipamento e explicam os passos da descida.
Todo mundo veste a "cadeira" e põe o capacete. A cadeira é um cinto que prende um cabo, controlado pelo esportista ao descer. Esse mesmo cabo fica na mão de um monitor que está embaixo para oferecer segurança.
Depois de experimentar o equipamento na árvore, começam as emoções das descidas.
Para Adriana Carnevali, 29, na primeira vez que se pratica rapel, "você faz mais força do que o necessário". Mas ela acha fácil e simples. "Das alturas, pensei: "puxa, o que estou estou fazendo aqui, meu Deus!". Essa adrenalina da primeira vez você não perde, é sempre uma novidade. No começo dá medo, a sensação é a de que você vai cair mesmo, e de costas. Depois de descer, tudo bem."
A reação de Cláudia Regina Busch na primeira vez foi diferente. "Tenho pavor de altura, disparava meu coração cada vez que olhava para baixo. Superar o medo é muito bom. Eu não subia nem numa cadeira."
Cláudia, que estava ali praticando o esporte pela quarta vez, teve coragem de levar a filha, Sthefanie, 7, e o filho, Cristhofer, 8, para treinar. Cristhofer desistiu de descer, mas Sthefanie foi até o fim da aventura.
No treino, a mãe enfatizava que Sthefanie deveria pôr os pés inteiros na parede e avisava que a parede era diferente do tronco em que ela treinara.
Sthefanie afirmou o tempo inteiro que não estava com medo, mas ficou muda durante uns cinco minutos depois que alcançou o chão.
Em seguida, Sthefanie contou que não tinha ficado nervosa. "Meu coração bateu mais forte. Mas eu vou de novo."

Hora de descer a cachoeira
No passeio organizado pela agência Mata'dentro, no mesmo dia, à tarde, acontece a prática de canyoning em alguma das cachoeiras da região, como a do Astor. Antes de descer, Renata Reno, 19, perguntou se na cachoeira não havia perigo de escorregar mais do que no rapel.
Hans Borst, 30, explicou que a água dá frio e "é um fator de emoção a mais". "Você pode ter um pouco mais de medo, mas há os lugares certos para colocar o pé."
Reno conta que o canyoning é mais divertido. "A diferença é a presença da água. As instruções são as mesmas. Fiquei com mais medo do que no rapel." Os monitores travaram o cabo de Renata, para ela ficar suspensa na cachoeira. "Aí soltei os braços para curtir, ter noção da altura. É demais!"
"Na prática do canyoning, há um trabalho de equipe em que você pode se divertir barbaridade", diz Hans Borst, que é engenheiro químico e conta que já chegou a ir oito vezes em dois meses para Brotas, para praticar esportes radicais.
De manhã, Hans fazia a segurança, como voluntário, do grupo que praticava rapel. À tarde, além de ajudar, desceu várias vezes a cachoeira com destreza ímpar, dando giros no ar e completamente à vontade no esporte.
Rodrigo Sampaio, 30, também se mostrou um craque do canyoning. Ele conta que o fez pela primeira vez em duas cachoeiras, que têm oito e 12 metros de altura, na chapada Diamantina, na Bahia. "A gente foi com um grupo de São Paulo e também desceu a cachoeira da Fumacinha, que tem 120 metros. Foi bacana porque o cabo era curto. A gente desceu uma parte da cachoeira e depois amarrou o cabo para descer mais. Havia plataformas onde a gente parava para descansar e conversar."
(MÔNICA RODRIGUES DA COSTA)


































Texto Anterior: Agência aluga casas na região
Próximo Texto: Segredo do canyoning é manter pés firmes no paredão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.