São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
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POR DENTRO DA AVIAÇÃO INTERNACIONAL
Jatos regionais decolam em Le Bourget

MARISTELA DO VALLE
enviada especial à França e à Alemanha


Enquanto a gigantesca Boeing tentava fazer decolar o B-717/200 -seu novo avião para rotas curtas e médias- durante o 43º Salão Internacional de Aeronáutica de Le Bourget, na França, a brasileira Embraer foi a fabricante da aviação civil que recebeu o maior número de encomendas até sexta-feira: 117, contra 72 da Boeing e 33 da Airbus, segundo dados divulgados pela agência de notícias "Reuters".
Dividindo o mercado dos grandes jatos comerciais com o consórcio europeu Airbus, a norte-americana Boeing concebeu o bijato B-717 a partir do antigo modelo MD-95, projetado pela então McDonnell Douglas. Essa empresa, também norte-americana, foi comprada pela Boeing em 1997.
De acordo com alguns especialistas, o B-717, com capacidade para cem passageiros, exigiria um treinamento especial para pilotos, o que poderia encarecer a integração do bijato às frotas das companhias.

Redução de custos
Hoje, as companhias aéreas tendem a escolher aviões que proporcionam custos operacionais e de manutenção mais baixos. Apesar de importante, o quesito conforto do passageiro não é considerado prioridade por todas as empresas.
O presidente da Embraer, Mauricio Botelho, conta que nos EUA as companhias criticam o revestimento de couro nas poltronas e o espaço destinado para catering (alimentação a bordo), como prateleiras e local para guardar carrinhos. Isso porque, para reduzir custos, as empresas norte-americanas não costumam oferecer comida em vôos domésticos de curta distância.
Com isso, alguns aviões usados em vôos regionais têm interior flexível, que propicia a alteração da capacidade de passageiros de acordo com a necessidade da companhia aérea.
O modelo 728-Jet, da Fairchild, por exemplo, pode ser configurado para 70 ou 80 passageiros. Essa fabricante norte-americana já recebeu encomendas de seu bijato, cujo preço de referência é US$ 27 milhões e que deve entrar em operação em 2002.
O modelo ERJ-135, da Embraer, conta com um banheiro mais espaçoso, ocupando praticamente toda a largura traseira da aeronave, o que oferece mais conforto para o passageiro. O ERJ-135, com capacidade para 37 passageiros, custa cerca de US$ 13,2 milhões.
Mas o avião brasileiro que mais despertou a atenção em Le Bourget foi o ERJ-145 (para 50 passageiros), que obteve 42 encomendas até sexta-feira. Entre os interessados estão a suíça Crossair (num contrato de US$ 4,9 bilhões) e a InterCanadian, do mesmo país de origem da principal concorrente da Embraer, a Bombardier.


Maristela do Valle viajou a convite da Varig, Lufthansa e Star Alliance.


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