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SERRA À VISTA
Há 60 anos, descendentes de imigrantes mantêm tradições em clube; hoje restam apenas 50 deles em Penedo
Finlandeses dançam com hora marcada
DA ENVIADA ESPECIAL A ITATIAIA (RJ)
Andando por Penedo, o turista
há de se perguntar: afinal, onde
estão os finlandeses? De fato, encontrá-los não é tarefa das mais
fáceis: hoje os descendentes somam 50 pessoas (em uma população de 5.000 no bairro). Mas há
uma dica: eles sempre se reúnem
com hora e data marcada.
Todos os sábados, a partir das
21h, o Clube Finlândia organiza
um baile, com apresentação de
um grupo folclórico e músicas variadas -finlandesas e brasileiras.
"É preciso agradar ao gosto de todos", diz Helena Hildén de Souza,
coordenadora do clube. A festa,
que reúne descendentes dos imigrantes, habitantes do bairro e turistas, acontece desde 1943, data
da fundação da entidade pelos
primeiros imigrantes.
No cantinho do salão, balançando a cabeça para acompanhar a
música, Anneli Turunen, 70, olha
a dança do neto Martti, 19, que
agora também faz parte do grupo
de dança que ela ensaia há 30 anos
-formado por jovens da região,
descendentes ou não dos imigrantes finlandeses.
Nascida na Finlândia, dona Anneli veio para o Brasil logo após se
casar, em 1958. "Lá, o verão é lindo demais, tem claridade a noite
inteira. Mas dura tão pouco. Aqui,
se planta e se colhe o ano inteiro."
Como não sabe todas as danças
folclóricas -cada uma de uma
região diferente da Finlândia e
que remontam aos séculos 18 e
19-, dona Anneli aprende os
passos em livros e depois monta a
coreografia. Os ensaios acontecem horas antes do baile.
Depois de se apresentarem, os
jovens do grupo chamam todos
os convidados para dançar, em
uma grande roda. Deixe a vergonha de lado e caia na folia: você só
irá errar os passos umas cinco vezes antes de decorar a coreografia.
Museologia pelo correio
O Clube Finlândia também
abriga um museu, criado em 1982
por Eva Hildén, que veio ao Brasil
ainda criança, com os primeiros
imigrantes.
O acervo, com mais de mil objetos, foi formado por doações de
famílias de Penedo e de finlandeses (que mandam peças pelo correio). Além de trajes típicos e livros, há trabalhos artesanais, sobretudo em vidro e em casca de
bétula. As pastas que guardam
centenas de fotos dos primeiros
habitantes da cidade também são
de encher os olhos.
(JULIANA DORETTO)
Clube Finlândia e Museu Finlandês
da Dona Eva - av. das Mangueiras,
2.601; tel. 0/xx/24/3351-1374. Museu:
de quarta a sábado, das 10h às 17; aos
domingos, das 9h às 15h. Entradas: R$ 3
(museu) e R$ 8 (baile).
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