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VISITA OFICIAL
No Palácio dos Bandeirantes, Celso Esótico apresenta pinturas, gravuras, móveis e louças com diversos "causos"
Guia quebra sisudez da sede do governo
DA REPORTAGEM LOCAL
Com atmosfera diferente da do
Palácio da Boa Vista, em Campos
do Jordão, o Palácio dos Bandeirantes, no bairro do Morumbi, na
capital, não tem nada de bucólico.
O clima que impera é o de oficialidade, mas o guia Celso Esótico
rompe essa formalidade.
A visita à sede do governo supera o simples fato de conhecer as
obras de arte expostas em diversas salas e corredores do prédio.
Esótico apresenta quadros, esculturas, louças, cômodos e espaços, salpicando informações históricas e sobre o cotidiano oficial
com raro sentimento.
Ao entrar no palácio, uma coleção de cusquenhos, quadros feitos em Cusco (Peru) com imagens de santos e cheios de simbologia, esparramam-se pela pequena escada que leva à recepção. O
primeiro recinto visitado é o hall
nobre, um monumental salão,
com portas que servem de vitrine
de São Paulo: dali se tem uma vista do horizonte metropolitano
que dá inveja a qualquer paulistano desvairado por sua cidade.
O "skyline" está na parede
oposta à que ostenta o painel
principal do palácio: "São Paulo
-Brasil: Criação, Expansão e Desenvolvimento", de Antonio
Henrique Amaral (leia à pág. F10).
O salão, entre essas belas paredes, abriga ainda o quadro "Festa
do Divino em Parati" (1962), de
Djanira da Mota e Silva. Do outro
lado, há uma cômoda de guardar
roupas, com gavetas enormes, do
século 17, quando esse mobiliário
guardava vestidos bufantes, daí a
sua grandeza. O móvel é destacado pelo seu material: o jacarandá
claro, madeira já extinta.
Do teto, pende uma lâmpada do
século 19, portuguesa, que tem 80
quilos de prata.
Dali, ruma-se para salas como a
dos pratos -onde ficam expostos jogos de louças comprados
pelo governo e peças de jogos de
famílias tradicionais paulistanas,
ostentando monogramas como
FM, de Francisco Morato, chamadas abrasonadas- e a barroca,
que guarda uma obra de Aleijadinho, a "São João de Botas", e também de Mestre Ataíde, além de
um oratório de viagem, usado nas
expedições dos bandeirantes.
Na visita, percorre-se o térreo e
o primeiro andar do prédio, onde
está a galeria de retratos dos governadores. Ali estão as louças
usadas na residência oficial atualmente, além de modelos antigos.
De cada parede, pendem gravuras e pinturas. Do solo, emergem
pedestais que exibem esculturas.
E o dedicado Esótico a contar sobre a bandeira, o brasão, a revolução e outros ícones paulistas ou
paulistanos, enquanto diz "bom-dia" a um dos cerca de 1.200 funcionários palacianos.
Com sorte, em um dia calmo e
com um grupo pequeno, é possível negociar a ida a áreas não
abertas à visitação. Mas, dificilmente, o visitante chega perto de
locais onde o governador labuta.
Na sala de despachos, a mais curiosa história do acervo exótico de
Esótico. A janela central, que dá
vista para os mastros que ostentam as bandeiras do Brasil e do
Estado, é blindada. Isso porque,
na época da ditadura, o governador ficava ali para ver o hastear
das bandeiras. Em nome da segurança, o vidro foi blindado.
História
O prédio do palácio foi construído para ser a faculdade "Fundação Conde Francisco Matarazzo". Em 1964, foi desapropriado
por Adhemar de Barros, então
governador, para servir de sede
do governo do Estado.
Sob a batuta de Abreu Sodré, o
governo começou a adquirir as
peças que hoje formam o acervo.
O encarregado pelas aquisições
era Luis Arrobas Martins, que frequentemente montava comissões
para avaliar valores de obras e o
que deveria ser comprado. Em
1985, Radha Abramo criou a área
técnica para cuidar do acervo, da
equipe, da titulação, da criação de
blocos, enfim, tocar a estrutura
para conservar as obras.
O acervo do governo de São
Paulo conta com 2.697 números
de patrimônio, que podem remeter a um quadro ou a um aparelho
de jantar de 179 peças.
Para uma visita guiada, é preciso agendar horário na recepção.
Assim, evita-se o constrangimento de ir até lá e não poder entrar
por conta de eventos oficiais. Para
uma visita turbinada, exija o
acompanhamento de Esótico.
(HELOISA LUPINACCI)
Palácio dos Bandeirantes - av. Morumbi, 4.500. É preciso agendar a visita
pelo tel.: 0/xx/11/3645-3264
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