São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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Paelha não é o prato principal do país

do enviado especial

Se você pensa que a culinária espanhola se resume a uma porção de azeitonas de entrada e uma paelha de prato principal é melhor não comentar isso com um espanhol.
Os espanhóis levam a culinária muito a sério. É uma questão de orgulho nacional. Cada região tem tradição própria, com grande variedade de pratos e ingredientes.
Qualquer espanhol é capaz de diferenciar um "jamón" (presunto) serrano de um ibérico e falar horas sobre as características da carne de porco de cada região.
O melhor presunto da Espanha - é uma unanimidade - é conhecido como "jamón" pata negra. Para se chegar a uma carne saborosa e leve, os criadores só alimentam o animal com as frutinhas "bellotas". Um quilo do pata negra custa US$ 100.
Outra paixão nacional são os "tapas", porçõezinhas servidas junto com a bebida. Os "tapas" surgiram na região da Andaluzia e, até hoje, não se paga por eles nos cafés de Granada.
Pede-se uma cerveja e ganha-se um prato com pão e com os famosos "jamóns". Mais um copo e o garçom traz anchovas temperadas, camarões ou queijo de ovelha.
No resto do país, é o cliente quem escolhe os "tapas", e é preciso pagar por cada porção. Mesmo assim, os cafés se esmeram para oferecer os melhores "tapas" para atrair a freguesia.
A base da culinária espanhola são os ingredientes frescos, como os excelentes pimentões, os aspargos e os frutos do mar. Em toda a Espanha come-se muitos frutos do mar, mesmo em Madri, a 600 quilômetros do litoral.
Fazem parte do cardápio de qualquer restaurante madrilenho pratos como a saborosa lula na tinta do restaurante Taberna do Alabardero, localizado perto do Palácio Real.
Come-se bem até nas pequenas cidades. O restaurante do hotel Comércio, em Guadix, oferece cozidos de cordeiro com menta que levaram sua cozinha a ser citada, em publicações especializadas, entre as melhores do país.
Uma visita às Bodegas Campos quase faz parte do roteiro turístico da cidade de Córdoba. Os barris onde ficam os vinhos típicos da região, os finos, têm autógrafos de personalidades como o primeiro-ministro britânico Tony Blair e a rainha Sofia.
Não é à toa. Das entradinhas, como os "flamenquins" (bolinhos de carne de porco), ao prato principal, que varia de uma merluza com molho de mariscos ao tradicional rabo de touro, a comida é de primeira qualidade.
Uma refeição completa sai por aproximadamente US$ 50, muito cara depois que o real se desvalorizou, mas muito mais barata que os restaurantes de primeira linha no Brasil.
A Espanha tem muitas outras opções mais em conta. Em Madri, há a cadeia especializada em presuntos Museu del Jamón, muito apreciada pelos espanhóis.


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