São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999 |
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ESPANHA Jardins internos das casas do bairro judeu foram construídos há dez séculos e são abertos aos turistas Córdoba elege o pátio mais bonito todo ano
do enviado especial à Espanha Ao cruzar a Puerta del Perdón, na saída da grande mesquita em Córdoba, o visitante sai na Judería, o bairro onde moravam os judeus. As ruas e as calçadas de pedras conservam o traçado em ziguezague original do tempo em que Córdoba era um califado. Toda a área, incluindo também o velho bairro mouro, parece ter parado no tempo, dez séculos atrás. Conviviam no mesmo espaço judeus, mouros e cristãos. Os mouros permitiam aos judeus e cristãos, "povos do livro", permanecerem fiéis às suas religiões desde que pagassem uma taxa ao califa. Os muçulmanos eram alfaiates, barbeiros, sapateiros e arquitetos. Judeus trabalhavam como médicos e farmacêuticos. Uma caminhada pelas ruelas permite ao visitante imaginar como era a vida numa época em que Córdoba era uma cidade árabe e a capital cultural da Europa. As casas são pintadas de branco, enfeitadas com vasos floridos e têm grades de ferro. Em algumas delas, lê-se uma placa chamando a atenção para o pátio. É sinal de que o visitante pode cruzar o portão e conhecer a área interna. Há uma forte tradição na cidade de enfeitar o pátio com plantas e flores, herança dos romanos e dos árabes. Existe até um concurso, uma vez por ano, para a escolha do pátio mais bonito da cidade. Na Judería, pode-se visitar a antiga sinagoga de Córdoba. Construída em 1315, a sinagoga é pequena, mas conserva os desenhos originais da época de sua fundação. É a única sinagoga antiga preservada da Andaluzia. Na Espanha, só se encontram sinagogas tão antigas na cidade medieval de Toledo. Um monumento lembra que o médico e pensador judeu Maimônides morou no bairro, no século 12. Quando os judeus foram expulsos, Maimônides fugiu e se tornou médico do sultão do Cairo. Pelos becos da Judería circulou também o filósofo mouro Averroes. Ele traduziu para o árabe os trabalhos do filósofo grego Aristóteles, que estavam esquecidos na Europa, na Idade Média. (RICARDO GRINBAUM) Texto Anterior: Templo é mesquita e catedral Próximo Texto: Paelha não é o prato principal do país Índice |
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