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ANTI-HERÓI
Umberto Bossi quer separar o norte do sul do país
do enviado especial à Itália
Umberto Bossi, o líder da Liga
Norte, prega a secessão. Figura
política surgida nos anos 70, ele
encarna, de camisa verde, o velho discurso "contra os impostos de Roma" e, sobretudo, agita a Itália quando grita a palavra
de ordem do separatismo.
Em 2 de junho de 1996, dia do
50º aniversário da República italiana, os separatistas "proclamaram" a formação da Padânia, Estado independente que
reuniria as regiões de Piemonte,
Friúli-Veneza-Giulia, Lombardia, Ligúria e Emília-Romanha.
Populista e patético, Bossi foi o
senador que, em setembro, disse
que a bandeira da Itália "devia
ser posta na privada".
Menos de uma semana depois,
centenas de
milhares de
italianos
marcharam
"pela união
nacional"
nas ruas de
Milão, a metrópole italiana mais
desenvolvida
e tradicional
reduto eleitoral da Liga
Norte.
Na base do
discurso filofascista (não
confundir com neofascista, outra tendência direitista expressiva na política italiana) está a insatisfação das províncias do norte, industrializado, que dizem
sustentar o
sul, ainda
agrário.
Com cerca
de 58 milhões
de habitantes, a Itália
tem o quinto
maior PIB
mundial
(US$ 1,1 trilhão) num
território de
301.302 km2
(o Estado de
São Paulo
tem 248.809
km2). Há a
disparidade de modos de vida
nos extremos do seu território.
A polarização política é outra
marca registrada nesse país que,
em 52 anos de república, teve 55
governos diferentes. Além de
forças de direita expressivas, o
país tem partidos de esquerda
representativos e uma Igreja Católica que se ocupa do pecado,
embora more ao lado, no Vaticano, Estado de 0,44 km2 encravado na zona oeste de Roma.
As acusações à Liga Norte são
cabeludas e por vezes escapam
do campo político para entrar no
terreno policial. Há quem diga
que o partido, de relativa expressão eleitoral, fomenta a existência de uma força paramilitar, a
"Guardia Nazionale Padana",
que seria utilizada no processo
de independência da Padânia.
Bossi nega, mas já declarou
que os juízes que tentam envolver seu partido em escândalos e
acusações de corrupção "valem
300 liras, o preço de uma bala".
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