São Paulo, segunda, 22 de junho de 1998

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É VERÃO
A capital da Campanha e terceira maior cidade da Itália cresceu à sombra do Vesúvio e possui história rica
Nápoles é solar, caótica e arrebatadora

do enviado especial à Itália

Terceira maior cidade da Itália e um pólo industrial com mais de 1 milhão de habitantes, Nápoles, que já foi "Neapolis" (Cidade Nova), se renova a cada verão.
Solar, caótica e arrebatadora, a metrópole do "Mezzogiorno" - porção sul da Itália- cresceu num golfo, à sombra do Vesúvio.
Capital da região da Campanha, Nápoles entra em erupção na altura da Riviera di Chiaia, uma avenida paralela à Via Francesco Caracciolo, à beira do mar Tirreno.
Juntas, essas avenidas delimitam a Villa Comunale, uma praça elegante mostrada nas infinitas gravuras e fotos antigas que retratam Nápoles, com o Vesúvio ao fundo.
Não por acaso, o Aquário, de 1874, fica no centro dessa praça, um passeio público de onde se avista o Tirreno.
Quem caminha nas calçadas da Via Francesco Caracciolo admira, nos diversos molhes rochosos que protegem a avenida do mar, os inúmeros casais de namorados.
Logo que o verão desponta, os napolitanos correm para essas pedras enormes, em busca de um lugar ao sol -e da vista do mar.
Na direção oeste fica o terminal porto Sannazzaro, de onde partem barcos modernos que, em poucos minutos, ligam Nápoles às ilhas de Capri e Ischia, e também Castellamare e Sorrento, dois dos mais elegantes balneários da Costiera Amalfitana, ao sul da metrópole.
Em torno desse porto pequeno e agitado, mascateiam dezenas de pescadores -e os peixes, crustáceos e polvos são vendidos vivos, em bacias coloridas que tomam conta da calçada.
Ao fundo, na direção oeste, a via Francesco Caracciolo, plana, se transforma na íngreme Via Posillipo, repleta de prédios decadentes. O passeio, morro acima, revela o panorama do golfo emoldurado pelo Vesúvio, no outro extremo.

Rumo leste
Agora no verão, quando Nápoles fica ainda mais fervilhante, convém esticar o passeio a pé na direção oposta, partindo do Aquário, no centro da Villa Comunale, até chegar, logo adiante, à elegante Via Partenope.
Ali, a presença mágica do Castel dell'Ovo, fortificação maciça que parece flutuar, ao lado do porto de Santa Lúcia, domina a paisagem.
Continuando a caminhada no sentido leste, até a Via Nazário Sauro, e seguindo em frente na direção da praça do Município, é a vez de encontrar o Castel Nuovo, ao lado do porto de Santa Lúcia.
Também chamado de Maschio Angioino, esse forte medieval foi edificado a partir de 1279, ganhando o contorno atual no século 15.

Lenda viva
Quando os gregos fundaram Neapolis, em 470 a.C., essa cidade, cuja história está envolta em lendas, já existia. Chamada anteriormente de Cuma e de Parthenope, Nápoles viveu várias dominações e cresceu como capital do Reino das Duas Sicílias, de 1503 a 1734.
Em 1799, Nápoles se tornou uma República, mas logo foi subjugada pelas tropas de Napoleão.
Depois, em 1860, foi a vez de Giuseppe Garibaldi invadir a cidade e anexá-la ao reino da Itália.
Inscrita nos castelos e no acervo dos museus, a história rica e atribulada da metrópole está guardada no Museu Arqueológico Nacional. No acervo, destacam-se peças de Herculano e Pompéia, soterradas em 79 d.C. pelo Vesúvio, o mais ativo vulcão europeu.
Mas Nápoles também é a cidade dos "scunizzi" (moleques) e dos "guaglioni" (cantores), da malandragem e... da pizza!
As igrejas são inúmeras e o templo do consumo, a Galleria Umberto Primo, foi construído em 1887 e é uma de suas mais belas salas de visita. ( SILVIO CIOFFI)


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