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Pobreza do país estimulou a emigração
da Equipe de Articulistas
Em 1878, meu avô Giusepe (referido carinhosamente como Pepino) resolveu deixar Pianopoli,
com a força de seus 20 anos, para
tentar a aventura do Brasil. Foi levado, depois da unidade política
da Itália, pelo agravamento das
condições sociais e econômicas
dominantes nas províncias meridionais, especialmente na Calábria, onde nascera e vivera.
Implementada por Cavour, depois que Garibaldi derrotou os
Bourbon, a unidade facilitou a instalação do parlamento em Roma,
quando o papa perdeu o apoio
francês, mas, gerada no Piemonte,
ampliou o fosso entre a prosperidade do norte e o atraso do sul.
Pepino foi previdente. Percebeu
que o desemprego, o analfabetismo, a quebra dos preços agrícolas
e o abandono político acabariam,
levando a miséria ao extremo sul.
Chegou ao Brasil antes das grandes levas migratórias ocorridas
entre 1890 e 1910. Centenas de milhares de italianos tomaram o
mesmo rumo. Mostraram que
nem eram preguiçosos, nem incompetentes. Ajudaram o desenvolvimento dos países onde se estabeleceram, na agricultura, na indústria, no comércio e como artesãos, artistas, intelectuais, políticos e juristas.
Percorri o extremo sul da Itália,
em maio, do mar Tirreno ao Jônico e de oeste para leste. Parece que
se vive ali um período de transição. O sul continua pobre, mas
não dá muita atenção aos ricos do
norte, que querem se separar dele.
Afinal, desde pelo menos 600 anos
antes de Cristo os meridionais têm
levado a vida por seu próprio esforço. Nas condições de hoje, chego a pensar que meu avô Pepino
não teria tentado a aventura brasileira, nem aqui teria criado família
muito mais numerosa que o ramo
ainda instalado na Itália.
(
WC)
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