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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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Guia descreve 502 vinhos chilenos saboreados no Brasil; degustador indica garrafas de até R$ 40

Sommelier dá dicas para enfrentar prateleiras cheias

HELOISA LUPINACCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os vinhos produzidos no Chile e na Argentina invadiram os supermercados brasileiros, tomando espaços antes reservados a vinhos da Itália, da França, da Espanha e de Portugal.
Mas essa oferta da bebida do Cone Sul gera um dilema: diante da tantas garrafas, qual comprar?
Para ajudar a desatar esse prazeroso nó, Arthur Azevedo, vice-presidente da Associação Brasileira de Sommeliers dá dicas sobre os vinhos desses dois países.
Para quem quer se aprofundar no tema, chega às livrarias o Guia de Vinhos Chilenos 2003/2004 (R$ 60), organizado pela empresa Chilevinos.com. São 502 vinhos degustados e descritos por brasileiros, entre eles, Arthur Azevedo.
 

Folha - Uma pessoa sem familiaridade com vinhos, diante das prateleiras com a bebida chilena e argentina, deve levar qual delas?
Arthur Azevedo - É uma decisão difícil. Os argentinos têm a vantagem de não pagar imposto de importação e têm melhorado bastante a qualidade. No entanto os chilenos são muito bons e gozam de muito prestígio no Brasil. As chances do consumidor se dar bem tanto escolhendo vinhos tintos chilenos ou argentinos é muito grande. Já no caso dos brancos, o Chile leva enorme vantagem.

Folha - Como compará-los?
Azevedo - Ambos são de muito boa qualidade e são muito próximos, particularmente os que estão disponíveis no Brasil.

Folha - É verdade que os vinhos argentinos agradam ao paladar europeu, e os chilenos agradam ao norte-americano?
Azevedo - Era verdade há alguns anos. Hoje, ambos os países produzem vinhos muito modernos com grande aceitação mundial.

Folha - Como é a uva Malbec, bastante citada quando se fala na produção desses vinhos?
Azevedo - A Malbec, uva emblemática da Argentina, tem boa expressão no Chile. Um dos grandes vinhos chilenos da atualidade, o Viu Manent Viu 1, tem 90% de Malbec em sua composição. São vinhos potentes, encorpados, com deliciosos aromas de frutas escuras em geléia, notas de tostado e de chocolate.

Folha - E a uva Carménère?
Azevedo - Os vinhos de Carménère são também muito agradáveis, desde que a uva, de difícil manejo, tenha sido colhida em condições de perfeita maturidade. Quando isso ocorre, os vinhos têm aromas agradáveis de frutas muito maduras, com toques de especiarias (pimenta vermelha) e de chocolate, com bom corpo, maciez e persistência aromática.

Folha - Há quem desaconselhe vinhos feitos apenas com Carménère, recomendando os que a mesclem a outras. O que você diria?
Azevedo - Não devemos generalizar, mas, sem dúvida, a tendência é que a Carménère apareça nos vinhos mais modernos mesclada a outras uvas como a Merlot e a Cabernet Sauvignon. Dessa forma os vinhos ficam mais interessantes.

Folha - Quais comidas combinam com vinhos argentinos e chilenos?
Azevedo - De modo muito simples, os vinhos tintos chilenos e argentinos, por sua potência e concentração de frutas, combinam com carnes grelhadas. Já para os peixes, temos mais opções no Chile, como os vinhos de uvas Chardonnay, Riesling e Gewürztraminer ou então um bom Chardonnay da Argentina.

Folha - Para você, quais são os melhores vinhos chilenos?
Azevedo - Almaviva, da Rotschild & Concha Y Toro, Odfjell Aliara, Cono Sur 20 Barrels Pinot Noir Limited Edition, Casa Lapostolle Clos Apalta, Montes Alpha M, El Principal, Valdivieso Caballo Loco, Cabo de Hornos de San Pedro, Santa Rita Casa Real, Viu Manent Viu 1, D. Donoso, Don Melchor, da Concha Y Toro, Seña, da Mondavi & Errazuriz, Domus Aurea, da Clos Quebrada de Macul e Morandé Vitisterra Gran Reserva.

Folha - E os melhores argentinos?
Azevedo - Catena Zapata, Viña Alicia , Zuccardi Q, Nieto Senetiner Cadus, Humberto Canale Malbec Gran Reserva, Doña Paula Selección de Bodega, Yacochuya, Lurton Piedra Negra, Terrazas Gran Malbec, Cheval des Andes, entre outros.

Folha - Poderia indicar cinco vinhos chilenos bons de até R$ 40?
Azevedo - Em ordem, Odfjell Armador Merlot 2002 (A Adega - 0/ xx/11/4689-7400); Agustinos Cabernet Sauvignon Reserva 2001 (Wine Company - 0/xx/19/3294-1570), Ravanal Carménère Cepa Noble 1999 (Best Wine - 0/xx/11/ 5506-6422), J. Bouchon Chicoreo Carménère Reserva 2002 (Casa do Porto - 0/xx/27/3225-3260) e Cono Sur Chardonnay 2002 (A Adega - 0/xx/11/4689-7400).

Folha - E cinco argentinos?
Azevedo - Também em ordem, Catena Alamos Malbec 2002 (Mistral - 0/xx/11/3372-3400), Escorihuela Gascón Syrah 2002 (Wine Company), Zuccardi Santa Julia Malbec Reserva 2001 (Expand - 0/xx/11/4613-3333), Salentein Finca El Portillo Merlot 2002 (Zahil/Wine House - 0/xx/11/ 3704-7317) e Terrazas Alto Malbec 2002 (Chandon do Brasil).


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