São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros POMPEIA em mostra, em risco Mostra em Paris recria casa romana do século 1º, com cerca de 200 artefatos emprestados do sítio arqueológico, que sofreu graves danos após chuvas fortes no final do ano passado e acabaram causando a queda de um edifício DALYA ALBERGE Do "GUARDIAN" Uma ferramenta que aquece ou gela bebidas, usando carvão ou neve; uma caldeira que esquenta a água do banho e um sistema de aquecimento sob o piso: podem parecer invenções para a moradia moderna, mas os romanos chegaram lá primeiro. Enquanto cerca de 2.000 anos nos separam da civilização romana, a recriação de uma casa de Pompeia do século 1º, em uma exposição que teve início ontem em Paris, apresenta essas inovações tecnológicas e mais, arte sofisticada. Mais de 200 artefatos foram emprestados ao museu Maillol (www.museemaillol.com), em uma colaboração franco-italiana que destaca o risco do futuro de Pompeia e Herculano. ESTRAGOS No final do ano passado, um prédio importante em Pompeia caiu depois de chuvas fortes, e o sítio arqueológico na Itália está tão desesperado por recursos financeiros que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) pode remover seu status de patrimônio mundial. A estrutura que ruiu foi a "Schola Armaturarum Juventus Pompeiani", comumente conhecida como Casa dos Gladiadores. A construção sobreviveu ao cataclismo da erupção vulcânica que engoliu a cidade em 70 d.C, a uma escavação parcial nos anos 1920 que expôs sua fachada -mas deixou os cômodos dos fundos ainda enterrados- e até mesmo a um forte bombardeio dos Aliados em 1943, que forçou a reconstrução extensiva do prédio nos anos 1950. Em outros dois casos no final de 2010, duas paredes caíram por conta das chuvas. O jornal italiano "La Repubblica" classificou o desabamento como um "escândalo mundial". O presidente italiano, Giorgio Napolitano, afirmou que o episódio era "uma desgraça para a Itália". MORADIA DE LUXO Os artefatos da mostra incluem afrescos e esculturas de mármore que devem ter sido encontrados na sala de jantar ("triclinium"), na cozinha ("culina") e no banheiro ("balneum"), entre outros cômodos, da casa rica de um mercador, magistrado ou dono de terras. Mas são os objetos do dia a dia que trazem Pompeia à vida: raspadeiras para pós-banho e frascos de óleos perfumados para o cabelo, roupas e pés estão expostos juntos a uma banheira de bronze, sugerindo que o dono da casa estava se preparando para receber seus convidados. Delicados copos de prata, espetos de bronze e colheres para remover crustáceos das conchas, junto com utensílios de cozinha como uma peneira, dão a ideia de que um jantar suntuoso está para acontecer. A exposição oferece a "evocação" de uma "domus pompeiana" (casa de Pompeia) para dar a sensação de que o dono acabou de sair. A reconstrução é importante, já que poucas casas privadas do Império Romano sobreviveram, comparadas aos vários prédios públicos. E os objetos são projetos de "luxo" real, de acordo com Stefano De Caro, o diretor-geral honorário do site arqueológico na Itália e um dos organizadores da mostra. DIONÍSIO A exibição traz afrescos mostrando Dionísio e outros deuses cobrindo paredes inteiras de um cômodo recriando um "tablinus" (estúdio). Os artefatos mais espetaculares incluem um vaso na forma da cabeça de uma mulher e joias cujos desenhos camuflam suas idades. A mostra também reflete a abordagem liberal dos romanos em relação ao sexo. Tais casas deveriam ter uma área onde escravas eram prostituídas como fonte de renda. Para os romanos, o conceito de obscenidade não existia, como mostra, em uma fonte, a estátua de Príapo, o deus que protege os jardins, com um grande falo para proteger os donos da casa de mau-olhado. Também relembrada pela exposição é a tragédia enfrentada pelos moradores de uma "domus pompeiana" -os restos calcificados de um cão, se torcendo de agonia, enquanto tentava escapar das cinzas vulcânicas. Tradução de MARINA DELLA VALLE POMPÉI - UN ARTE DE VIVRE Museu Maillol QUANDO até 12/2 ONDE rue de Grenelle, 61, Paris (tel.:00/xx/01/42225958) QUANTO € 11 (R$ 27) Texto Anterior: Agitado, Guarujá é balneário desde 1893 Próximo Texto: Aos 552 anos, Bucareste vive decadência Índice | Comunicar Erros

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