São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Aos 552 anos, Bucareste vive decadência

Capital da Romênia enfrenta dificuldades para conservar seu patrimônio histórico

MARCEL GASCÓN
DA EFE

Bucareste comemora 552 anos de fundação neste fim de semana sem conseguir colocar um fim à espiral de abandono e destruição que há anos afeta seu patrimônio histórico.
Quando centenas de moradores e visitantes participarem das celebrações, escutarão inúmeras referências ao passado de esplendor da época pré-comunista.
Ainda hoje essas referências são bem visíveis, mas o esplendor foi se transformando em decadência após a chegada do comunismo ao poder, em 1948, e continuou por esse caminho depois da queda do regime, substituído por um capitalismo anêmico.
Um breve passeio pelo centro da capital romena revela dezenas de edifícios de grande valor histórico e difícil classificação arquitetônica.
A maioria data dos séculos 18 e 19 e do período entreguerras e ficam a meio caminho entre as influências francesa e turca. A maior parte apresenta fachadas sujas e pintura descascada, estátuas quebradas e pátios abandonados, vistos através de grades enferrujadas.
Ainda que seu patrimônio permitisse à cidade competir em atrativos com muitas capitais europeias, Bucareste é uma triste exceção no continente, com o descuido dos bens culturais.
"Em uma cidade normal, o investidor que quer construir tem duas opções: dirigir-se ao centro, comprar ou alugar uma casa antiga e reformá-la, ou ir para a periferia e construir prédios altos", explicou o presidente da ONG Salvad Bucarest, Dan Nicusor.
"Em Bucareste, as autoridades locais permitiram que investidores construíssem prédios altos no centro da cidade, aliando o prestígio da área à máxima rentabilidade desse tipo de construção." "Dessa forma, o investidor não tem nenhum motivo para restaurar o patrimônio histórico no centro", acrescentou Nicusor, que se lembra de muitos casos em que casas antigas foram derrubadas para dar lugar a altos edifícios.
Mesmo havendo mecanismos legais para evitar a destruição do patrimônio, a demolição de joias arquitetônicas e históricas avança rapidamente em Bucareste, apesar dos esforços da sociedade civil.
Na década de 1980, o ditador Nicolae Ceausescu construiu o complexo que deveria abrigar funcionários e dirigentes do partido comunista. Para isso, destruiu bairros inteiros, com casas e igrejas de grande valor histórico e arquitetônico, cujo desaparecimento é considerado por especialistas uma tragédia .
Muitos outros bairros permanecem em pé, mas seguem se deteriorando diante da impotência dos proprietários e da indiferença das autoridades. Outros continuam sendo derrubados em meio a ambiciosos projetos imobiliários. Enquanto isso, Bucareste perde sua identidade e arrisca perder também seu enorme potencial turístico.



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