São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2001

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AMÉRICA NATIVA

Parque tem 3.000 construções maias, como estrutura de banho a vapor, erguidas entre 2500 a.C. e 950 d.C.

Floresta espessa guarda as ruínas de Tikal

DO ENVIADO ESPECIAL À GUATEMALA

É fácil chegar ao coração da civilização maia, apesar dos 554 km que separam a Cidade da Guatemala de Tikal, um dos mais importantes sítios arqueológicos do planeta. A estrada que segue para o norte do país tem apenas dois anos e está bem conservada. A viagem pode ser encurtada usando a linha área da Aviateca até a região do lago de Peten Itzá, a chamada cidade de Flores, onde ficam os principais hotéis.
De Peten Itzá até o Parque Nacional de Tikal são mais 64 km, trajeto que pode ser completado em microônibus, facilmente encontrado em Flores.
Garças, pavões e quatis cruzam o caminho do turista a todo instante. Com um pouco de sorte é possível também apreciar pequenos macacos pulando entre os galhos. A selva também é habitat de cobras, em geral inofensivas. Ao redor da clareira que leva a Tikal pode-se ver árvores de até 50 m, como o cedro espanhol.
Enquanto olha atento o caminho da floresta, o turista de repente se depara com uma arquitetura desenvolvida para os deuses.
Na clareira surgem enormes templos e palácios, onde foram depositados os segredos de uma civilização, que manifestou conhecimento inexplicavelmente avançado para a época e desapareceu sem deixar vestígios.
Dois dias no mínimo são recomendados para conhecer os templos, as pirâmides, as esculturas e o museu do sítio arqueológico.
A observação da maquete do parque e uma parada no museu, logo na entrada, podem ajudar a organizar o tempo e a obter o máximo de proveito em Tikal. O parque tem quase 3.000 construções espalhadas em 16 km2, entre templos e palácios com até 70 m de altura, altares, residências, estruturas para banho a vapor e sistemas de canalização. Arquitetura e engenharia desenvolvidas entre 2500 a.C. e 925 d.C, que são enigmas fascinantes à exploração.

Abandono
O abandono de cidades não era incomum entre os maias. Eles migravam, em busca de água e alimento. Mas pouco se sabe sobre o esvaziamento repentino de Tikal, justamente no apogeu da civilização, por volta de 900 d.C., quando as maiores construções estavam sendo erguidas e a sociedade apresentava indícios de perfeita organização.
Historiadores apresentam várias teses: extermínio por exércitos estrangeiros, cataclismo, epidemias e até mudanças climáticas. Outra hipótese considerada aceitável é a de que as técnicas agrícolas sofreram um colapso diante de um longo período sem chuvas, que teria levado o povo a um estado de fome e, consequentemente, à dispersão.
A versão, porém, é um paradoxo para muitos. Como poderia a civilização, com tamanho poder de organização e técnicas avançadas, ter negligenciado a própria subsistência? Outro fascinante mistério da civilização maia.
Apesar de o parque oferecer infra-estrutura básica para o turista, como um pequeno restaurante e banheiros, a aventura requer apetrechos básicos: roupas leves, tênis confortáveis, garrafa com água e repelente de insetos. O bilhete de acesso ao parque, que funciona das 6h às 18h, custa 50 quetzales (cerca de US$ 6).
(FÁBIO MARRA)



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