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FRANCOFONIA CANADENSE
Cidade de 650 mil habitantes mantém centro histórico, com praças que parecem européias
Québec conserva seu charme à francesa
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL AO CANADÁ
Québec é o nome de uma Província canadense, mas é também
o nome de sua segunda maior cidade -e, de longe, a mais charmosa, com seus 650 mil habitantes e muita história para contar.
Foi nela que se iniciou a presença francesa na América do Norte,
em 1608. E foi ainda nela que, em
1759, os britânicos derrotaram os
franceses e se assenhorearam da
bacia do rio São Lourenço.
Só não conseguiram impor aos
colonos a fé anglicana. Preservando-se como católicos, esses canadenses também conservaram sua
cultura e seu idioma. A Província
de Québec é hoje um rico pedaço
mundial da francofonia (regiões
de língua francesa).
A cidade teve seus dias de glória
no período pré-industrial, quando era entreposto para a exportação de peles e estava acessível à
navegação transatlântica, com a
travessia dos barcos completada
por 1.000 km de navegação fluvial.
Com o comércio deslocado para
Montréal -que por sua vez perdeu no século 20 a liderança canadense para Toronto, grande metrópole da anglofonia-, a cidade
não foi devastada pela especulação imobiliária e se manteve bonita como antigamente. Os bairros históricos são em parte protegidos por 4,6 km de muralhas de
16 m de altura -que os franceses
começaram a construir em 1745.
É aconselhável passear pela cidade entre o final da primavera e
meados do outono. No inverno,
Québec é castigada em média por
três metros de neve, e a temperatura registra até -22C. Isso só é
bom para quem quer esquiar.
Mas vejamos a cidade. Ela é a
capital da Província. Tem por isso
palácios oficiais, bonitos por fora
e luxuosos por dentro.
Há bons museus, como o de Belas Artes, especializado em artes
canadenses, há as portas das muralhas, como a de Saint-Jean, e
ainda praças que nos dão a impressão de terem sido deslocadas
de alguma cidade histórica da Europa. Como a Royale, assim chamada em razão de um busto de
Luís 14 num de seus cantos.
Há em Québec uma cidade alta
e uma cidade baixa. A primeira
era habitada pelos mais ricos, e a
segunda, pelo povão. Por serem
ambas antigas, elas se beneficiaram nos últimos 40 anos de um
lento processo de restauração.
Prédios que abrigavam bancos
hoje falidos se tornaram hotéis
-ou "hôtel-boutique", um conceito de hotelaria que associa conforto extremo à presença de uma
arquitetura bicentenária.
Um exemplo deles: o Auberge
Saint-Antoine, que distribui por
vitrinas nas áreas comuns e nos
apartamentos cerca de 1.600 objetos que arqueólogos encontraram
no local e que datam muitas vezes
do final do século 17.
Um outro exemplo seria o Château, que parece um castelo, mas
que nunca foi um de verdade.
Trata-se de um hotel de 600 quartos construído em 1893 pela ferrovia Canadian Pacific.
Quanto aos cantos pitorescos,
algumas recomendações: a rue
Saint-Jean, que é um concorrido
centro comercial com prédios
muito antigos, a place d'Armes,
com seus saltimbancos no verão,
a rue Saint-Paul, com antiquários
e galeristas, e a Grande Allée, onde
estão os melhores restaurantes.
João Batista Natali viajou a convite do
Ministério Canadense das Relações
Exteriores
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