São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FRANCOFONIA CANADENSE
Montréal, cujo horizonte é tomado de arranha-céus, tem vida cultural intensa mesmo no frio

Agito garante clima bom em metrópole

Renata de Gáspari Valdejão/Folha Imagem
Basílica de Notre Dame, do séc. 19, é alvo de deferência na cidade com poucos prédios históricos


DO ENVIADO ESPECIAL AO CANADÁ

Para os padrões canadenses -o país tem uma população quase seis vezes menor do que a do Brasil-, Montréal é uma metrópole imensa, com mais de 1,8 milhão de habitantes.
Seus bancos, hotéis e sedes de grandes empresas formam na região central um paliteiro de arranha-céus -que a confundiria com qualquer cenário urbano banalizado nos Estados Unidos.
Mas não é bem assim. Tendo o francês como língua oficial, mesmo sendo o inglês falado por um quinto dos moradores, Montréal é ciosa de sua diversidade.
É uma cidade diferente, festeira, com quatro orquestras sinfônicas, 40 companhias de teatro e 30 de dança. Apesar do frio na maior parte do ano, as pessoas em geral não gostam de ficar em casa.
Há, em março, um festival de cinema de arte; em junho; um festival internacional de jazz (o mais conhecido em seu calendário); e o festival Saint-Ambroise, em novembro, com teatro e música.
O aquecimento do mercado imobiliário por mais de um século deixou a cidade sem seus bairros antigos, a ponto de uma catedral em estilo neogótico do século 19, a Notre Dame, receber certa deferência. Há, porém, o prédio de um seminário, de 1685, a residência Ramesay, do governador francês, de 1705 -hoje um museu histórico-, e a sede original do Banco de Montréal, do início do século 19, hoje transformada em hotel de luxo.

Não tão velha
O bairro chamado de Vieux Montréal (Antiga Montréal) é em verdade formado por prédios de "apenas" 130 anos, em média, que abrigavam companhias seguradoras ou instituições financeiras. Tem charme, mas seu interesse histórico é bem mais recente, baseado na revitalização da área de 25 anos para cá e na multiplicação de ateliês de artistas e galerias de arte. O bairro tem hoje 4.000 moradores, em lugar dos 350 no início dos anos 80.
O mesmo movimento de reapropriação do patrimônio antigo beneficia os 2,5 km do antigo porto da cidade. Ele está localizada numa imensa ilha de 500 km2 dentro do rio São Lourenço. Seu novo porto é um dos acessos de contêineres para Detroit e Chicago, nos EUA -o rio é uma via de acesso aos Grandes Lagos.
A região central de Montréal é formada por uma colina com três degraus planos. O ponto mais alto é o Monte Real, que dá o nome a essa cidade. Bem próximo a ele fica Westmount, um local de casas milionárias.
Em termos de passeios, há o Biodôme, espaço que reúne ambientes climatizados com a fauna e a flora dos quatro cantos do planeta, há a Ilha Notre Dame, imenso jardim cujas vias são fechadas em junho para o Grande Prêmio de F-1, há o Parque Olímpico, que abrigou as Olimpíadas de 1976, ou ainda a ilha de Jean Drapeau, na qual em 1967 foram construídos os pavilhões da Exposição Universal. Nela foi preservado o pavilhão norte-americano, em forma esférica, hoje transformado em centro de pesquisas de ambientalismo fluvial.
(JOÃO BATISTA NATALI)


Texto Anterior: Québec conserva seu charme à francesa
Próximo Texto: Pacotes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.