|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRANCOFONIA CANADENSE
Túneis são refrigerados no verão e aquecidos no inverno e reúnem seis casas de espetáculo
Cidade tem andar subterrâneo com 32 km de corredores
DO ENVIADO ESPECIAL AO CANADÁ
Montréal é uma cidade em que
as pessoas "funcionam" em dois
planos sobrepostos. Há, como em
qualquer lugar do mundo, uma
cidade das ruas, para os automóveis e o comércio mais luxuoso.
Mas há uma cidade subterrânea, com 32 km de amplos corredores -aquecidos no inverno,
refrigerados no verão-, com
praças de alimentação e lojas mais
populares. Uma espécie de imenso shopping pelo qual as pessoas
circulam para tomar o metrô, ir
ao trabalho ou à faculdade.
Os corredores chegam a ter três
andares. E não há motivos para
claustrofobia. Em muitos dos cruzamentos há espaços com um pé-direito avantajado, encimados
por cúpulas transparentes -que
deixam entrar a luz do dia.
Essa "outra" cidade não estava
nas pranchetas dos urbanistas oficiais. Ela nasceu por iniciativa das
empreiteiras, que pipocaram
Montréal de novos prédios a partir de 1962, quando da renovação
do bairro Internacional.
As construtoras passaram a comercializar esses novos espaços e,
sem querer, criaram um jeito original e confortável de se locomover a pé. Foram ajudadas pela
construção do metrô e pela necessidade de acesso às estações.
A cidade subterrânea é fundamental no inverno, sobretudo em
janeiro, quando a temperatura
média é de -9C.
Um morador de um prédio residencial no centro pode, em tese,
passar semanas inteiras sem se
expor ao frio. Basta circular pelos
corredores da cidade subterrânea.
Ela também dá acesso aos seis
principais edifícios em que funciona a Universidade de Québec,
uma das quatro da cidade e uma
das duas em que as aulas são dadas em francês.
É também subterrânea a Place
des Arts, com seis salas de espetáculo, entre elas a da Ópera de
Montreal e a sede da orquestra
sinfônica da cidade -uma das
duas grandes formações sinfônicas do Canadá, ao lado da de Toronto-, que tem como diretor
artístico e regente o americano
Kent Nagano, ex-maestro da
Ópera de Lyon, na França.
Os turistas se perdem com facilidade. A sinalização privilegia o
nome dos prédios, que não estão
nos mapas. Mas vale a pena conhecer.
(JOÃO BATISTA NATALI)
Texto Anterior: Pacotes Próximo Texto: Francofonia Canadense: Picadeiro é sala de aula em Montréal Índice
|