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Artesão Abel traz vida a caretas do Cazumbá
DO ENVIADO ESPECIAL
O artesão Abel Teixeira, 69, gosta de repetir: "Faço caretas. Máscara é coisa de fofão". Fofão, não é
o personagem de um antigo programa infantil de TV, mas, sim,
uma fantasia de caráter cômico,
típica do Carnaval maranhense.
No Maranhão, Abel é especialista em caretas do Cazumbá, misterioso personagem do bumba-meu-boi, caracterizado pela indefinição de sexo, que tenta impedir
Pai Francisco de matar o boi.
Para alguns frequentadores tradicionais das apresentações de
bumba-meu-boi em São Luís, há
grupos que estão valorizando tanto a figura do Cazumbá que acabam lhe dando status de "patrão".
A começar pela descaracterização
da indumentária: sai a palha de
bananeira, entra um mais elaborado fardo de pano.
Seu Abel, 63, um brincante do
bumba-meu-boi desde a infância,
é artesão autodidata. Nasceu em
Viana, município do interior, e
aprendeu sozinho a confeccionar
as caretas do Cazumbá, à base de
madeira ou de tecidos. Entre os
materiais que utiliza para paramentar suas criações, estão tinta a
óleo, paetês, canutilhos (fios de
ouro, prata ou latão) e pelúcia.
Começou em 1959, bordando e
colocando em relevo expressões
faciais com espírito de espanto, de
vigília. Ele não concorda com a
suposição de que suas peças,
quanto mais "feias", melhores.
"Até as crianças gostam", justifica
o homem de traços simples, tímido e dono de fala curta.
Algumas caretas ganham "corpo" e viram miniaturas, com seus
20, 30 centímetros. Abel costuma
trabalhar por encomenda. Recentemente, ministrou uma oficina
no Rio de Janeiro, para onde levou e vendeu cerca de 60 peças em
miniatura.
Alguns dos trabalhos estão expostos na Casa do Maranhão (r.
do Trapiche, s/nš) ou na Casa de
Nhozinho (r. Portugal, 185), onde
ele mantém um ateliê -ambos
na Praia Grande.(VS)
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