São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Vale fluminense reúne 200 fazendas históricas

Propriedades rurais de café seculares hoje são patrimônio histórico no RJ

Mão de obra escrava foi responsável por prosperidade da região; declínio vem com a Abolição e mau cultivo

Marina Lang/Folhapress
Vista da fazenda Vista Alegre, em Valença, que foi fundada em 1860; hoje, ela se dedica à fabricação de orgânicos

DA ENVIADA A VASSOURAS (RJ)

Camadas de montanhas sobrepostas que outrora abrigavam mata atlântica -e que hoje são cobertas por pasto para gado- são a paisagem que compõe a fatia fluminense do vale do Paraíba. Lá, entre cidades como Vassouras, Rio das Flores (que intitulou um romance do escritor português Miguel Sousa Tavares) e Valença, estão cerca de 200 fazendas edificadas durante o século 19, em estado variado de conservação.
Mantidas pela iniciativa privada, algumas das fazendas que foram restauradas e conservadas trazem a época de ouro do café brasileiro, ou seja, quando o país iniciou a produção do grão para exportação, algo que o alçou ao posto de maior produtor do mundo à época.
Segundo um estudo da ONG Instituto Cidade Viva, o aumento da produção brasileira de café foi de 7.000 toneladas, em 1820, para 45 mil toneladas, em 1835. O Rio exportava 81,6% do café brasileiro em 1860. Em 1881, o fluxo da produção de café fluminense representava 61,5% do total mundial.
As fazendas históricas também traziam consigo as senzalas. Ambas servem como ilustração do período escravocrata durante a era rural do Brasil no Império. Estima-se que, entre os anos de 1830 e 1879, cada cafeicultor tivesse, em média, 22 escravos que sustentavam o enriquecimento da região (eles representavam entre 40% e 50% do patrimônio do barão).
A crise da cafeicultura veio com o fim (inesperado para os barões) da escravidão, em 1888, e com a técnica errônea usada nas plantações dos cafezais, que esgotou o solo rapidamente. "Fazendeiros não conseguiam saldar as dívidas, pois os cafezais não produziam mais a semente como antes. Em pouco tempo, as terras dos fazendeiros foram vendidas, hipotecadas ou mesmo abandonadas", diz o estudo da ONG. Segue-se, então, o ciclo do café paulista.
Em 2011, o Brasil permanece como o maior produtor de café do mundo, de acordo com a International Coffee Organization. Os Estados mais produtivos do país são Minas Gerais e Espírito Santo, segundo uma projeção da Companhia Nacional de Abastecimento.
(MARINA LANG)

Veja galeria de fotos sobre o turismo de café
folha.com.br/fg3350



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