São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2006

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DE TODAS AS TRIBOS

Menos "pop", Cidade Baixa merece um dia de visita

Solar, igrejas, sorveteria e feira são recompensas de quem desce da Cidade Alta para essa parte da capital

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Ela pode passar despercebida para as hordas de visitantes que descem o elevador Lacerda e rumam ao mercado Modelo.
Ali, encostada do lado esquerdo do meio de ascensão à Cidade Alta, a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia é o ponto de partida de todas as festas populares que acontecem no verão soteropolitano. É nela, inclusive, que é dada a largada da temporada de festas, no dia 8 de janeiro, quando acontece a festa da santa que lhe dá o nome (leia na pág. F11).
A lavagem do Bonfim também sai dali, bem como a procissão de Bom Jesus dos Navegantes e a da festa de Iemanjá.
Essa igreja de pedra foi inteirinha trazida da Europa, com os blocos numerados, como uma casa pré-fabricada.
Ao lado do altar, fica a grande imagem da padroeira da cidade e desse templo. Do lado direito de quem entra na nave, há uma saída que leva a uma pequena capela que parece cair aos pedaços. Está tudo bem, apesar das aparências: ali está conservada a primeira capelinha que foi erguida naquele lugar. Posteriormente vieram as pedras, mas a capela foi mantida.
Assim como a Conceição da Praia, há outros pontos na Cidade Baixa que convencem o turista a sair das ruelas da Cidade Alta para explorar os caminhos dessa parte, que é menos popular entre os turistas.
Vamos a eles.
Saindo da Conceição da Praia, vale dar uma caminhada pela região do Comércio, que é aquela do lado direito do mercado Modelo. Ali há prédios históricos em plena restauração. Alguns já foram renovados e têm outra função, como o que abriga uma faculdade.
Saindo do comércio, o destino é a grande estrela dessa parcela soteropolitana: a igreja do Bonfim. Tida como a mais mística de Salvador, é palco da principal festa popular de janeiro, quando suas escadas são lavadas por baianas que carregam água de cheiro. E, já que estamos no Bonfim, vale seguir adiante, rumo à Ribeira.
Um dos bairros mais simpáticos de Salvador, a Ribeira conserva um clima de cidade de interior que conquista de cara. Senhores sentados em cadeiras na calçada saúdam quem passa. E esse bairro é o centro da tradição de comer na rua.
Lá fica o solar Amado Bahia, uma casa que foi erguida apenas com materiais europeus. Em frangalhos, espera por recuperação. Neste ano foi inclusive invadido por movimentos dos sem-teto.
Apesar de não poder ver o solar por dentro, pare diante da casa e observe a fachada. À direita, há uma intrincada escada de ferro trazida da Inglaterra. Depois de conhecer o solar e torcer para que ele seja recuperado em breve, o próximo destino é a sorveteria da Ribeira (largo da Ribeira, 87; tel.: 0/xx/ 71/3316-5451).
Inaugurada em 1931, essa sorveteria é considerada hors-concours. É a melhor de Salvador. E quiçá da Bahia. Com dezenas de sabores, o carro-chefe é o coco queimado. Mas o de coco verde merece tanta atenção quanto o seu parceiro de matéria-prima. Parece uma bola de água de coco gelada. É uma parada obrigatória.
Dali, o visitante pode seguir para a ponta de Humaitá, onde ficam a igreja de Monte Serrat e o forte e o farol de Humaitá. Esse ponto é bastante procurado no final da tarde, pois proporciona uma vista panorâmica de toda a cidade.
Ao lado da igreja de Monte Serrat há um simpático boteco instalado em um casarão.
Voltando para o centro, outra parada obrigatória é a feira de São Joaquim. A feira, que fica alguns metros antes do porto, é uma confusão maravilhosa. Vende-se de tudo ali, de frutas frescas a peixes, de estátuas de orixás a bodes, de gamelas a camarões secos. Nas barracas de comida há sarapatel e buchada.
Mais para frente, passando o centro, o mercado, o elevador e a Conceição da Praia, um pouco mais adiante, está o solar do Unhão, um dos poucos solares da cidade em que o visitante pode percorrer todas as instalações, passando pelas alas que eram de serviço, pelo trapiche que adentra o mar, pela senzala e até pela capela, quando ela está aberta.
No complexo do Unhão funcionam o MAM da Bahia, um restaurante, um café, uma lojinha e um parque de esculturas.
Esses são apenas alguns dos pontos obrigatórios na Cidade Baixa, que, somados aos outros passeios, tomam no mínimo três dias do viajante. Uma viagem com menos que isso é quase um crime. (HELOISA LUPINACCI)


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