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DE TODAS AS TRIBOS
Menos "pop", Cidade Baixa merece um dia de visita
Solar, igrejas, sorveteria e feira são recompensas de quem desce da Cidade Alta para essa parte da capital
DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
Ela pode passar despercebida para as hordas de visitantes
que descem o elevador Lacerda
e rumam ao mercado Modelo.
Ali, encostada do lado esquerdo do meio de ascensão à
Cidade Alta, a igreja de Nossa
Senhora da Conceição da Praia
é o ponto de partida de todas as
festas populares que acontecem no verão soteropolitano. É
nela, inclusive, que é dada a largada da temporada de festas, no
dia 8 de janeiro, quando acontece a festa da santa que lhe dá o
nome (leia na pág. F11).
A lavagem do Bonfim também sai dali, bem como a procissão de Bom Jesus dos Navegantes e a da festa de Iemanjá.
Essa igreja de pedra foi inteirinha trazida da Europa, com
os blocos numerados, como
uma casa pré-fabricada.
Ao lado do altar, fica a grande
imagem da padroeira da cidade
e desse templo. Do lado direito
de quem entra na nave, há uma
saída que leva a uma pequena
capela que parece cair aos pedaços. Está tudo bem, apesar
das aparências: ali está conservada a primeira capelinha que
foi erguida naquele lugar. Posteriormente vieram as pedras,
mas a capela foi mantida.
Assim como a Conceição da
Praia, há outros pontos na Cidade Baixa que convencem o
turista a sair das ruelas da Cidade Alta para explorar os caminhos dessa parte, que é menos
popular entre os turistas.
Vamos a eles.
Saindo da Conceição da
Praia, vale dar uma caminhada
pela região do Comércio, que é
aquela do lado direito do mercado Modelo. Ali há prédios
históricos em plena restauração. Alguns já foram renovados
e têm outra função, como o que
abriga uma faculdade.
Saindo do comércio, o destino é a grande estrela dessa parcela soteropolitana: a igreja do
Bonfim. Tida como a mais mística de Salvador, é palco da
principal festa popular de janeiro, quando suas escadas são
lavadas por baianas que carregam água de cheiro. E, já que
estamos no Bonfim, vale seguir
adiante, rumo à Ribeira.
Um dos bairros mais simpáticos de Salvador, a Ribeira
conserva um clima de cidade de
interior que conquista de cara.
Senhores sentados em cadeiras
na calçada saúdam quem passa.
E esse bairro é o centro da tradição de comer na rua.
Lá fica o solar Amado Bahia,
uma casa que foi erguida apenas com materiais europeus.
Em frangalhos, espera por recuperação. Neste ano foi inclusive invadido por movimentos
dos sem-teto.
Apesar de não poder ver o solar por dentro, pare diante da
casa e observe a fachada. À direita, há uma intrincada escada
de ferro trazida da Inglaterra.
Depois de conhecer o solar e
torcer para que ele seja recuperado em breve, o próximo destino é a sorveteria da Ribeira
(largo da Ribeira, 87; tel.: 0/xx/
71/3316-5451).
Inaugurada em 1931, essa
sorveteria é considerada hors-concours. É a melhor de Salvador. E quiçá da Bahia. Com dezenas de sabores, o carro-chefe
é o coco queimado. Mas o de coco verde merece tanta atenção
quanto o seu parceiro de matéria-prima. Parece uma bola de
água de coco gelada. É uma parada obrigatória.
Dali, o visitante pode seguir
para a ponta de Humaitá, onde
ficam a igreja de Monte Serrat e
o forte e o farol de Humaitá. Esse ponto é bastante procurado
no final da tarde, pois proporciona uma vista panorâmica de
toda a cidade.
Ao lado da igreja de Monte
Serrat há um simpático boteco
instalado em um casarão.
Voltando para o centro, outra
parada obrigatória é a feira de
São Joaquim. A feira, que fica
alguns metros antes do porto, é
uma confusão maravilhosa.
Vende-se de tudo ali, de frutas
frescas a peixes, de estátuas de
orixás a bodes, de gamelas a camarões secos. Nas barracas de
comida há sarapatel e buchada.
Mais para frente, passando o
centro, o mercado, o elevador e
a Conceição da Praia, um pouco
mais adiante, está o solar do
Unhão, um dos poucos solares
da cidade em que o visitante
pode percorrer todas as instalações, passando pelas alas que
eram de serviço, pelo trapiche
que adentra o mar, pela senzala
e até pela capela, quando ela está aberta.
No complexo do Unhão funcionam o MAM da Bahia, um
restaurante, um café, uma lojinha e um parque de esculturas.
Esses são apenas alguns dos
pontos obrigatórios na Cidade
Baixa, que, somados aos outros
passeios, tomam no mínimo
três dias do viajante. Uma viagem com menos que isso é quase um crime.
(HELOISA LUPINACCI)
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