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Em Lisboa, brasileiro sente-se em casa
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Uma grata sensação de estar em
casa é o que sente o turista brasileiro que chega a Lisboa pela primeira vez. Basta iniciar os passeios por monumentos, igrejas,
torres, castelos, ruas e praças
pombalinos para ter a certeza de
que as histórias portuguesa e brasileira se misturam.
Mesmo com pouco tempo dá
para fazer muita coisa. Comece
pela parte antiga da cidade, a Baixa, erguida após o terremoto de
1755 pelo marquês de Pombal
(1699-1782). A área é um dos primeiros exemplos de planejamento urbano da Europa e reúne imponentes edifícios neoclássicos e
praças como a do Comércio e a do
Rossio. A primeira abrigou o palácio real por 400 anos. É mais conhecida pelos lisboetas como Terreiro do Paço e no século 16 foi
palco de execuções da Inquisição.
Um majestoso arco triunfal, no
lado norte da praça, conduz o visitante à rua Augusta e é o portão
de entrada da Baixa. Próximo dali, fica o café mais antigo de Lisboa, o Martinho da Arcada, que
no passado era refúgio dos literatos da cidade.
Seguindo pela rua Augusta, chega-se à praça do Rossio, chamada
formalmente de Dom Pedro 4º
(que era o nosso dom Pedro 1º).
No lado norte fica o Teatro Nacional Dona Maria 2ª, uma estrutura
neoclássica construída na década
de 1840. O café Nicola, no lado
ocidental da praça, também era
um local sagrado entre os escritores, como o poeta Manuel Maria
du Bocage (1765-1805).
Saindo da Baixa, pegue um bonde e suba as ruas íngremes, estreitas e tortuosas da Alfama ("água
quente", em árabe), um bairro
que remonta à época dos mouros
e que reúne edifícios que sobreviveram ao terremoto de 1755.
A oeste da Alfama fica a catedral
da Sé, cuja primeira construção
data de 1150. Devastada por três
tremores de terra no século 14 e
pelo terremoto do século 18, a catedral foi sendo reformada ao longo do tempo. Por isso ela mistura
vários estilos arquitetônicos.
Ainda na Alfama, do mirante de
Santa Luzia, avista-se a cúpula da
igreja de Santa Engrácia, que levou 284 anos para ficar pronta
-só foi concluída em 1966.
Acima da Alfama, está o castelo
de São Jorge, que se transformou
na residência dos reis portugueses
após a reconquista da cidade dos
mouros, em 1147. A cidadela remonta a um povoado fenício, que
foi tomado por romanos em 205
a.C., saqueado por bárbaros e, em
711, invadido pelos mouros, que
ocuparam Lisboa por 450 anos.
Para almoçar, uma opção barata é o mercado da Ribeira, perto
do rio Tejo. O espaço, tradicional
na venda de flores e de produtos
alimentícios, possui um restaurante que serve um rodízio de comidas típicas a 8 por pessoa.
Tire o resto da tarde para explorar a região. Passeie pelos jardins
de Belém, vá ao monumento aos
Descobridores e ao mosteiro dos
Jerônimos, erigido em 1517 a
mando do rei dom Manuel, que é
Patrimônio da Humanidade desde 1983. Perto dali fica a Fábrica
dos Pastéis de Belém, que produz
o famoso doce cuja receita é guardada a sete chaves desde 1837.
Noite
Um dos lugares mais procurados na noite lisboeta são as Docas
de Santo Amaro, um espaço próximo ao rio Tejo que reúne bares e
restaurantes. Em alguns momentos, tem-se a impressão de estar
no Brasil tamanha a variedade
musical, que vai da MBP ao pagode, e de garçons brasileiros.
Agora, se o seu negócio é a ferveção, siga para o Bairro Alto e faça a via-sacra dos bares. O entra-e-sai é tão comum que, quando se
pede uma bebida, o garçom logo
pergunta se o cliente vai tomá-la
no bar ou fora dali. Se for fora, recebe um copo de plástico.
Não se assuste com alguns banheiros. Não é raro encontrar locais com dois sanitários em um
espaço, separados por uma porta.
Você entra, fecha a porta e, antes
mesmo de terminar o que foi fazer, surpreende-se com alguém
abrindo a porta ao lado. Tudo no
maior respeito, ora pois!
Cláudia Collucci viajou a convite da
TAP e do Icep (Investimentos, Comércio
e Turismo de Portugal).
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