São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Música feita em duas gerações fala dos "bons tempos" do Brás

DA REPORTAGEM LOCAL

A cena é romântica, e o ano é 1917: à noite, jovens se reúnem para fazer serenatas sob janelas das ruas do Brás.
É em um desses encontros que o garoto Alberto Marino, então com 15 anos, compõe uma canção em homenagem ao bairro em que nasceu.
Um salto para 1960: Marino já é maestro - rege a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo-, quando o cantor Carlos Galhardo (1913-1985) bate palmas em frente a sua casa.
Era uma casinha de cor creme e portão baixo já fora do bairro do Brás, no Cambuci, centro de São Paulo. Galhardo foi até lá para lhe fazer um pedido: queria gravar a canção composta por Marino 43 anos atrás.
Coube ao filho, o advogado Alberto Marino Júnior, então com 36 anos, fazer a letra de "Rapaziada do Brás", já que a música não tinha sido feita, originalmente, para ser cantada.
Orgulhoso ao lembrar que a música também foi gravada por nomes como Francisco Petrônio (1923-2007) e Jair Rodrigues, o filho, hoje aos 84 anos, lembra a primeira estrofe da canção em entrevista à Folha: "Lembrar, deixem-me lembrar/ meus tempos de rapaz no Brás/ as noites de serestas/ casais de namorados,/ e as cordas de um violão cantando em tom plangente,/ aqueles ternos madrigais", cantarola.

A vida no Brás
Marino Filho conta que passou 18 anos no Brás. "Morava na rua do Gasômetro, com meus pais e meus avós. Foram os bons anos da minha vida."
Fora do bairro desde que a avó morreu, por volta de 1948, ele não perde os encontros de antigos moradores promovidos pelo jornal da região.
"Encontro os amigos, e ficamos recordando os tempos em que gostávamos de dizer que o Brás era a capital do mundo. E para nós, era mesmo!"
Ele lembra que os italianos começaram a sair de lá na década de 1950, com a fuga das indústrias para as áreas mais afastadas do centro e o crescimento do comércio no bairro.
Antes de encerrar o papo, reclama: só no ano passado, quase 50 anos depois da primeira gravação, ele recebeu alguns "tostões" de direito autoral. (PPR)


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