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Música feita em duas gerações fala dos "bons tempos" do Brás
DA REPORTAGEM LOCAL
A cena é romântica, e o ano é
1917: à noite, jovens se reúnem
para fazer serenatas sob janelas
das ruas do Brás.
É em um desses encontros
que o garoto Alberto Marino,
então com 15 anos, compõe
uma canção em homenagem ao
bairro em que nasceu.
Um salto para 1960: Marino
já é maestro - rege a Orquestra
Sinfônica Municipal de São
Paulo-, quando o cantor Carlos Galhardo (1913-1985) bate
palmas em frente a sua casa.
Era uma casinha de cor creme e portão baixo já fora do
bairro do Brás, no Cambuci,
centro de São Paulo. Galhardo
foi até lá para lhe fazer um pedido: queria gravar a canção composta por Marino 43 anos atrás.
Coube ao filho, o advogado
Alberto Marino Júnior, então
com 36 anos, fazer a letra de
"Rapaziada do Brás", já que a
música não tinha sido feita, originalmente, para ser cantada.
Orgulhoso ao lembrar que a
música também foi gravada por
nomes como Francisco Petrônio (1923-2007) e Jair Rodrigues, o filho, hoje aos 84 anos,
lembra a primeira estrofe da
canção em entrevista à Folha:
"Lembrar, deixem-me lembrar/ meus tempos de rapaz no
Brás/ as noites de serestas/ casais de namorados,/ e as cordas
de um violão cantando em tom
plangente,/ aqueles ternos madrigais", cantarola.
A vida no Brás
Marino Filho conta que passou 18 anos no Brás. "Morava
na rua do Gasômetro, com
meus pais e meus avós. Foram
os bons anos da minha vida."
Fora do bairro desde que a
avó morreu, por volta de 1948,
ele não perde os encontros de
antigos moradores promovidos
pelo jornal da região.
"Encontro os amigos, e ficamos recordando os tempos em
que gostávamos de dizer que o
Brás era a capital do mundo. E
para nós, era mesmo!"
Ele lembra que os italianos
começaram a sair de lá na década de 1950, com a fuga das indústrias para as áreas mais
afastadas do centro e o crescimento do comércio no bairro.
Antes de encerrar o papo, reclama: só no ano passado, quase
50 anos depois da primeira gravação, ele recebeu alguns "tostões" de direito autoral.
(PPR)
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