São Paulo, segunda, 24 de fevereiro de 1997.

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Bilhete pago com dinheiro do Orçamento Geral da União vira milhas para servidor
Parlamentares são beneficiários

DANIELA PINHEIRO
da Sucursal de Brasília

Com dinheiro público, os 666 mil servidores federais gastam por ano cerca de R$ 200 milhões em passagens aéreas. O investimento é público, os benefícios, privados.
Os vôos dos parlamentares e dos funcionários públicos que viajam a serviço podem ser usados como crédito para o programa de milhagem das companhias aéreas.
Milhas acumuladas são consideradas benefício do passageiro e não servem para uso do governo.
Apesar de o bilhete ter sido pago com dinheiro do Orçamento Geral da União, o que interessa às companhias na hora de computar a milhagem é o nome do viajante, escrito no cartão de embarque.
O ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração e Reforma do Estado) disse à Folha estar interessado em alterar o procedimento. Ele afirma que ainda não tem opinião fechada sobre o assunto.
"As milhagens são uma oferta das companhias que participam da concorrência. Acho que não cabe uma legislação específica, mas é certo que a concessão do benefício cria uma situação delicada no serviço público'', diz Bresser.
De acordo com o terceiro-secretário da Câmara, deputado Paulo Paim (PT-RS), deputados e senadores podem requerer a vantagem. ``Não há problemas. Mas acho que pouca gente faz isso. Já temos direito a um certo número de passagens por mês'', disse.
O deputado Haroldo Lima (PC do B-BA) é um dos adeptos do programa de acúmulo de milhas da Varig. Ele disse já ter conseguido pelo menos outros três trechos Brasília-Salvador graças às passagens que recebe da Câmara.

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