São Paulo, segunda, 24 de fevereiro de 1997.

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Cubanos abrem temporada de caça ao dólar

free-lance para a Folha

Para evitar imprevistos durante a viagem, é preciso obter informações básicas. Em Cuba, tudo é do governo, e todos os trabalhadores são funcionários públicos.
Não estranhe quando perceber a deficiência nos serviços, acompanhada, quase sempre, por uma dose tropical de simpatia e lentidão. Se não pretende ficar nervoso, acostume-se a isso.
Outra informação importante: com o fim da ajuda soviética e o embargo norte-americano, a ilha, com 11 milhões de habitantes, está enfrentando uma de suas piores crises econômicas e sociais.
Desde que abriu as fronteiras para o turismo, economia e população estão voltadas para a temporada de caça aos dólares.
Tenha em mente que um dólar equivale a 20 pesos, e a média salarial de um médico cubano está por volta de US$ 12. Um motorista de táxi ganha US$ 10, e um guia turístico, US$ 8.
Como os serviços e os produtos estão dolarizados -da gasolina ao sanduíche no bar-, o cubano não tem poder de compra.
Por isso, volta-se para atividades ligadas ao turismo. Desde as oficiais, que garantem a "propina" (como eles chamam a gorjeta), até aquelas mais marginais, como a venda de charutos falsificados e a prostituição.
Vem daí a explicação para o forte assédio que você vai encontrar, principalmente em Havana.
Basta ter cara de turista para um cubano "colar" e oferecer produtos ou simplesmente agir como guia turístico.
Se a cara dele for confiável, ótimo. Aproveite o conhecimento que a população tem da história do país. Dependendo do seu bolso, a gorjeta de US$ 1 já é recebida com grande agradecimento.
Espertinhos
Cuidado com o troco. Alguns cubanos tentam devolver notas de peso no meio dos dólares, na proporção de um para um.
Devolva gentilmente e mostre que é tão esperto quanto eles. Afinal, você é brasileiro.
Fique tranquilo porque, no momento em que descobrirem esse detalhe, vão sorrir muito mais e lembrar que somos "irmãos".
Em seguida, vão desfiar um rosário de celebridades de nossas novelas, transmitidas nas duas TVs cubanas: Glória Pires, Regina Duarte, ``Sinhamocinho" Malta.
Comprar charutos requer cuidados especiais. Os Montecristo não-oficiais, oferecidos nas ruas por US$ 15 a caixa, são descaradamente falsificados, da embalagem ao produto final.
Podem até ser cubanos, mas não têm a qualidade daqueles garantidos pelo governo, que custam até US$ 50 e são a melhor opção.
Se você comprar no free shop de Havana ou dentro do avião, vai desembolsar US$ 76 pela caixa. (MM)
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