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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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MARANHÃO DA FOLIA

Governo investe R$ 5 milhões para incluir capital no circuito de Carnaval de rua gratuito e cultural

São Luís quer disputar folião com Olinda

Márcio Vasconcelos/Divulgação
Tambor de crioula, dança típica do Maranhão na qual as mulheres rodam freneticamente, é uma atração do Carnaval do Estado


DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS

"Um Maranhão de alegria." Com esse apelo e investimentos de R$ 5 milhões na divulgação e preparação da festa, o governo do Maranhão pretende incluir São Luís nas rotas com potencial turístico e cultural para fisgar visitantes durante a folia momesca.
A idéia é disputar clientela com Pernambuco. As festas nesses Estados têm características similares: ambas mantém a tradição do Carnaval de rua, conservam a possibilidade de brincar de graça e oferecem uma enorme diversidade de ritmos e manifestações culturais.
"Não temos a intenção de concorrer com o Carnaval-espetáculo do Rio de Janeiro nem com os blocos estilizados de Salvador. Nosso produto é voltado ao turista que busca diversão e cultura num ambiente mais tranquilo do que Recife e Olinda", comenta Danilo Furtado, gerente de turismo do governo do Estado.
A meta é aumentar em 30% a visitação obtida no ano passado, que chegou a 46 mil turistas. Os municípios do interior de São Paulo estão entre os potenciais fornecedores de visitantes, além do Distrito Federal, segundo a gerência de turismo do Estado.
Com o objetivo de aumentar o alcance, uma campanha publicitária está sendo veiculada em horário nobre nas principais emissoras televisivas do país.
Para receber os foliões, pólos de animação foram espalhados no centro histórico da cidade. A previsão é que cerca de 900 apresentações, entre blocos e shows, aconteçam durante os oito dias de programação oficial.
O clima e o cenário não diferem muito do Carnaval de Olinda: ruas estreitas ladeadas por casarões seculares e preenchidas por foliões de todas as idades; vasta beleza para os olhos e muita musicalidade para os ouvidos. Tudo isso numa temperatura que pode facilmente chegar aos 36C.

Como antigamente
A folia maranhense segue o formato de corso -cortejo dos Carnavais antigos caracterizado pelo mela-mela dos foliões, que jogavam farinha uns nos outros.
Ainda hoje, a festa em São Luís não é completa sem um saco de amido de milho. Pistolinhas de água e sprays de espuma sintética são outras opções para quem quer brincar a caráter, pois a regra vigente é sujar e ser sujo.
Madre de Deus (que, na pronúncia rápida dos moradores de São Luís se torna "Madre Deus") é um bairro cravado no sítio histórico da capital e principal cenário da festa maranhense. É por suas ruas estreitas e antigas que funciona o chamado "Circuitão" -um percurso que envolve as ruas São Pantaleão e do Passeio -, pelo qual desfilam praticamente todas as agremiações.
Trata-se de um bairro com tradição boêmia, reduto de poetas e artistas populares. Talvez por isso, quase que naturalmente, tenha se tornado o principal ponto de concentração de foliões.
Na beira do mar, a Praia Grande é um convite para quem quer desfrutar um clima mais tranquilo e assistir aos shows longe do empurra-empurra das ruas estreitas. Além disso, na hora do cansaço, um ponto de táxis faz do local uma saída estratégica.

Boca fechada
Aos gulosos, aí vai um aviso em tempo hábil: brincar Carnaval e se esbaldar na culinária típica maranhense são duas coisas que podem não combinar muito bem.
Farta, a mesa de São Luís é carregada de iguarias, como a vinagreira e a farinha branca, além de pirões, vatapás e caldeiradas, que podem não ser exatamente adequados à imediata exposição ao sol e ao vaivém na folia. Para evitar indisposições, a melhor receita é a moderação.
Portanto, antes de devorar uma suculenta torta de camarão, verifique a programação do dia e reserve algum tempo para a digestão em repouso. Ou dê preferência a alimentos leves e reserve o estômago para o cardápio típico apenas no último dia. Depois de comer, a preguiça é bem-vinda.
(TATIANA DINIZ)

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