|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REPÚBLICA GUARANI
No centro da capital não se alteram prédios antigos
Edifícios históricos valorizam Assunção
DA ENVIADA ESPECIAL AO PARAGUAI
Sem as vantagens de uma metrópole, Assunção é uma capital
com cara de interior. Ali não se
vêem cinemas e o agito é pouco:
há apenas uma danceteria mais
ou menos badalada. O principal
pólo urbano paraguaio tem, com
as cidades-satélites de seu entorno, 1 milhão de habitantes.
Embora não pareça um lugar
atraente, Assunção não merece
ser desprezada. A segunda capital
mais antiga da América, fundada
em 1537, cuida de seus prédios
históricos na medida do possível.
Hoje, no centro velho de Assunção, não se pode alterar nenhuma
construção. O resultado é que
40% da região é formada por edifícios históricos.
Um dos mais interessantes é a
casa da Independência. Erguida
em 1772, ali aconteciam as reuniões secretas em que se conspirava contra o governo espanhol e
a favor da independência do Paraguai. Foi dali que saíram os homens liderados pelo capitão Pedro Juan Caballero que, na madrugada de 14 para 15 de maio de
1811, foram até a sede de governo
exigir a saída dos governantes espanhóis. A casa pertencia aos irmãos Pedro Pablo e Sebastián
Antonio Martínez Sáenz e foi restaurada em 1961. Hoje está aberta
à visitação. Ali está reproduzido o
ambiente daquela época. Descobrem-se hábitos interessantes, como a maneira usada para refrescar o clima. O pé direito alto era
aliado a um chão de lajotas de
barro, constantemente molhado
para que ficasse úmido. Com a
evaporação da água, mantinha-se
o lugar sempre fresquinho.
A arquitetura colonial também
pode ser observada na casa Viola,
que fica em frente ao Palácio do
Governo, e na casa de La Cultura,
um antigo casarão de jesuítas. O
Palácio do Governo não pode ser
visitado por dentro, mas sua fachada guarda curiosidades. A primeira delas é que a construção
não tem frente nem costas. Alguns acham que a frente dá para a
rua 14 de Mayo; outros, que ela dá
para a baía de Assunção.
A solução encontrada pelos locais foi decidir que o palácio tem
duas frentes. Mas, na da rua 14 de
Mayo, observa-se que há, no lado
esquerdo da fachada, uma cuidadosa decoração em cada coluna.
Do lado direito, a decoração não
foi feita. Isso porque o palácio começou a ser construído em 1860
para servir de residência ao líder
paraguaio Solano López, mas a
Guerra do Paraguai (1864-1870),
que lá se chama Guerra da Tríplice Aliança, paralisou as obras.
O palácio foi tomado pelo Exército brasileiro, que lá fincou a
bandeira do Brasil, fazendo que a
primeira bandeira hasteada no
palácio paraguaio fosse a nossa.
Se a visita às instalações do palácio não é permitida, o turista pode
entrar na casa Viola, também chamada de Manzana de la Riviera,
para visitar sua galeria de arte e
sua biblioteca. No fim da tarde,
mesas são colocadas no terraço da
casa, que vira quase um quintal.
Dali se vê a frente do Palácio do
Governo que dá para a rua.
Outra curiosidade de Assunção
é a localização de sua única favela,
chamada de chacarita: ela é vizinha do Palácio do Governo.
Ela também pode ser vista das
janelas do Centro Cultural da República, prédio que guarda uma
miscelânea de acervos, com arte
indígena, música, arte contemporânea e arte religiosa.
Em outra área, já distante do
centro, fica o museu de Barro
(www.museodelbarro.org.py). O
local tem um bom acervo de imagens de santos, de máscaras e de
costumes indígenas, assim como
de arte contemporânea paraguaia.
(HELOISA LUPINACCI)
Texto Anterior: Paraguai original está atrás do preconceito Próximo Texto: República Guarani: Igreja em Yaguarón adota regra franciscana Índice
|