São Paulo, segunda, 24 de março de 1997.

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POR DENTRO DO PARQUE ESTADUAL DA CANTAREIRA
Fauna silvestre está ao lado de São Paulo

VANESSA DE SÁ
da Reportagem Local

Fotos João Veiner/Folha Imagem
A vista de São Paulo a partir de Pedra Grande, o ponto culminante de uma das trilhas do Parque Estadual da Cantareira, a 1.010 m de altitude


Não é preciso sair da cidade para observar, in loco, aves, macacos, tatus, quatis e esquilos.
Animais como esses podem ser vistos e fotografados no Núcleo Pedra Grande, parte do grande complexo chamado Parque Estadual da Cantareira.
Considerado uma das maiores áreas do mundo de mata tropical situadas dentro de uma região metropolitana, o Parque Estadual da Cantareira contém remanescentes da Mata Atlântica, quer dizer, a vegetação nativa que ainda resta desse grande ecossistema, uma das formações vegetais de maior biodiversidade do planeta.
Embora tenha vegetação nativa, boa parte do parque, com uma área de 7.900 hectares, é composta por vegetação secundária.
Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, ou seja, um "quadrado" de cem metros por cem metros.
Até o final do século 19, a serra da Cantareira abrigava fazendas de café, chá e cana-de-açúcar, o que fez com que parte da mata nativa fosse derrubada.
Em 1890, várias áreas de fazenda foram desapropriadas e a mata recuperada com a vegetação nativa. Algumas das espécies vegetais do parque estão ameaçadas de extinção, como a imbuia, a canela-preta e a canela-sassafrás.
O Núcleo Pedra Grande, vizinho do Horto Florestal (zona norte da cidade), é apenas uma pequena parte do parque e a única área aberta a visitação.
A mata nativa e o grande número de animais -em algumas áreas são encontradas jaguatiricas- fez com que o parque também fizesse parte da lista de locais escolhidos por biólogos para desenvolver estudos de comportamento animal.
Um dos objetos de estudo favoritos dos cientista é o bugio, um macaco capaz de produzir um som característico -uma espécie de ronco.
Os bugios são tão abundantes que acabaram se tornando símbolos do parque.
A observação desses macacos requer um pouco de paciência. Eles não descem ao chão: vivem entre as folhagens da copa das árvores.
O primeiro indício da sua presença é o ronco. Basta ficar um pouco atento e olhar para cima. Logo aparecem, pulando de galho em galho.

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