São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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Hermitage é "colírio" criado de forma não-ortodoxa

DO ENVIADO ESPECIAL

Sua reputação é a de maior museu do mundo, com 300 salas e cerca de 2,7 milhões de objetos expostos. O Hermitage, sobretudo para quem aprecia as artes plásticas, já seria um motivo suficiente para visitar a Rússia.
O acervo começou a ser juntado em 1764, quando a czarina Catarina 2ª (a Grande) recebeu de um rico comerciante de Berlim uma coleção de 225 quadros para o pagamento de dívidas que contraiu com o Tesouro imperial.
Os czares farejaram, por funcionários diplomáticos nos 150 anos seguintes, telas valiosas que enriqueceram a coleção oficial. Em 1917, com o comunismo, as coisas ficaram mais fáceis: bastou expropriar os próprios colecionadores russos. Em 1945 foram confiscadas coleções alemãs.
Apesar desses métodos pouco ortodoxos de constituição do acervo, o Hermitage -até há 85 anos residência de inverno do czar e sede da monarquia russa- é um colírio para os olhos mais cultivados. Imagine uma sala em que estão penduradas 29 telas de Pieter Paul Rubens (1577-1640). Outras de Van Dyck, Frans Hals e Rembrandt, nas salas ao lado, completam o cardápio do barroco dos Países Baixos.
Entre os mestres franceses, dificilmente se encontrarão fora de Paris peças tão representativas de Poussin, Watteau ou Fragonard. Dos italianos não há nenhum Giotto. Mas há dois Da Vinci e outros tantos Rafael, Tintoretto, Veronese, Canaletto e Tiepolo.
O Hermitage obviamente também tem departamentos de móveis, tapeçarias e objetos. Entre as obras do final do século 19, sua coleção de impressionistas franceses é francamente imperdível.
Há estimativas anedóticas sobre quantos anos, com visitas diárias de oito horas, seriam necessários para conhecer de verdade todas as peças desse museu. Dois, três? Não seria, de modo algum, um tempo perdido. Poucas coleções mereceriam tamanha loucura.
Pequena curiosidade: o Hermitage não tem restaurante, e sua cafeteria é precária. A grande vantagem é que ela é também o mais barato cibercafé (US$ 2 por hora) de São Petersburgo. (JBN)


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