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POLINÉSIA À FRANCESA
Para habitante, colonizadores dizem ter o que ensinar, mas devem aprender com os locais
População quer independência do território francês
DO ENVIADO ESPECIAL À POLINÉSIA FRANCESA
A Polinésia Francesa é um território ultramarino da França, com
autonomia em alguns assuntos. O
poder é exercido por uma assembléia de 47 membros eleitos em
voto popular a cada cinco anos, e
o presidente é indicado pelo governo francês. Desde 1991, o cargo
é ocupado por Gaston Flosser.
Em 1963, a região passou a ser
usada pela França como campo
de testes nucleares, sob protesto
da comunidade internacional.
O desejo pela independência é
facilmente perceptível entre a população, caso de Teisser Fortune,
65. Ele costuma praticar patiafa,
um esporte que consiste em acertar, com uma lança rústica, um
coco instalado no alto de um mastro de dez metros.
"Os franceses dizem que vieram
nos ensinar, eles é que tinham
muito a aprender conosco." Fortune explicou que a fruta-pão, espécie original das ilhas, é considerada uma divindade na cultura local. "Sei que levaram o nosso "mei"
(fruta-pão em maohi) para alimentar escravos na Guiana. Sei
que nosso deus os manteve vivos
para lutar por sua liberdade. Eu
não odeio os franceses, não odeio
as pessoas, mas eles vieram aqui e
levaram nosso deus."
Antes de se despedir da reportagem, perguntou como se falava
"liberdade" em português.
Origem
Existem muitas hipóteses sobre
a origem da civilização polinésia.
É certo que as ilhas começaram a
ser habitadas há 3.000 ou 4.000
anos por levas de imigrantes que
chegaram ali em embarcações de
madeira e fibra. Em 400 d.C. uma
segunda leva desses viajantes começou a se espalhar por um território de mar equivalente ao da
América do Sul. Isso explica o uso
da mesma língua por polinésios,
havaianos, nativos da ilha de Páscoa e maoris da Nova Zelândia.
Em 1947, contrapondo a teoria
que indicava a Ásia como origem
desses imigrantes, o pesquisador
norueguês Thor Heyerdahl (1914-2002) atravessou o Pacífico numa
jangada para mostrar a possibilidade de as ilhas terem sido visitadas por tribos da América do Sul.
Um dos seus argumentos era a
coincidência entre o culto ao deus
Tiki, que os polinésios acreditavam ser seu primeiro ancestral, e
os indícios de uma raça que vivera
no Peru antes dos incas e cujo
chefe se chamaria Kon-Tiki.
Atacada por uma tribo, essa raça teria fugido para o Pacífico. Em
quase todas as ilhas existem sítios
arqueológicos conhecidos como
marae, uma área retangular, pavimentada de pedras, limitada por
um muro baixo com um altar em
um dos lados. Em alguns deles há
estátuas de divindades com até
dois metros de altura. Nesses lugares sagrados, os antigos polinésios abrigavam jogos e as principais cerimônias das aldeias.
Em 1767, o capitão inglês Samuel Wallis foi o primeiro ocidental a visitar o Taiti, seguido de
Louis-Antoine de Bougainville
em 1768 e James Cook em 1769.
No século 19, a chegada de caçadores de baleias, missionários britânicos e militares franceses acirrou a rivalidade entre França e Inglaterra pelo controle das ilhas.
Nessa época, muitos costumes
tradicionais, como a dança, a tatuagem, a nudez e o sexo livre, foram banidos e perseguidos pelas
igrejas católica e protestante. Em
1815, muitas estátuas sagradas para os nativos foram destruídas.
A dinastia Pomare controlou o
território por meio século. Em
1847, Taiti e Moorea passaram a
receber proteção francesa, e a
França persuadiu o rei Pomare 5º
a lhe ceder o arquipélago.
(MARCELO PLIGER)
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