|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLINÉSIA À FRANCESA
Nativos dizem tratar bem o turista porque ele paga a construção de suas estradas
Sensualidade do hula não macula postura de nativas
DO ENVIADO ESPECIAL À POLINÉSIA FRANCESA
O nariz é largo, mas não excessivamente. A pele lisa é morena,
de uma cor caramelada, sem
apresentar traços do negro africano ou do aborígene. Cabelos negros de fio grosso, quase sempre
encrespados, emolduram os traços exóticos. Os olhos, levemente
puxados. O rosto polinésio, na
maioria da população, tem algo
de indígena e de asiático. Segundo dados do censo de 2003, 78%
da população é de origem polinésia, há 6% de franceses locais, 4%
de franceses e 12% de chineses.
As mulheres são discretas e delicadas. Expressam-se com os
grandes olhos negros e as mãos.
Têm uma dignidade bonita no
andar. Mesmo dançando o hula-hula, a sensualidade do quadril
em movimento nunca macula a
postura correta da cabeça bem
colocada sobre a espinha ereta e
os ombros abertos. Em qualquer
circunstância, enfeitam o cabelo
com arranjos florais.
Já os homens expressam uma
autoconfiança natural. São fortes
e movimentam-se com gestos
amplos e seguros. Os magros são
raros. Os polinésios parecem estar constantemente sorrindo.
Simpáticos, expansivos e interessados em conversar, contar uma
história, aprender uma nova palavra e rir, eles mantêm o senso de
humor sempre atento.
A imagem de nativos com flor
na orelha e roupas estampadas
corresponde, em grande parte, à
realidade. Quase não se vêem tecidos sem desenhos. A vestimenta mais relacionada ao polinésio é
o pareô, uma canga com desenhos em cores fortes que homens
e mulheres usam em torno da
cintura. Os chinelos Havaianas
estão por toda parte.
Todos usam tatuagem, tradição
ancestral que se espalhou pelas
ilhas. Fazem grandes, mas delicados desenhos geométricos nas
pernas, nos braços e nas costas.
Antigamente, era possível identificar por meio dessas figuras a
origem e o nível social da pessoa.
Poucos tatuadores ainda trabalham da forma original, com um
bastonete de osso humano ou de
tubarão que, molhado em tinta, é
martelado repetidas vezes na pele, como o cinzel de um escultor.
"O polinésio não precisa de
muito para viver. Você viu o que
nós precisamos para sermos felizes", diz o guia, referindo-se aos
numerosos piqueniques.
As famílias polinésias são numerosas e nos finais de semana
costumam dirigir-se para as
praias ou para o centro das ilhas,
seguindo os cursos de água, em
busca das cachoeiras. É comum
usarem óleo de coco sob o Sol.
No chão de terra, cozinham o
almoço em panelas metálicas.
"Não temos indústrias, não produzimos riquezas. Quem paga a
construção de nossas estradas são
vocês, turistas. Por isso todo polinésio trata bem o turista."
Cerca de 40 ilhas da Polinésia
permanecem inabitadas. O governo dificulta a migração para lá.
O ensino é garantido pelo Estado -98% da população é alfabetizada- e há uma única universidade na capital, mas alguns nativos se queixam do curto leque de
opções para fazer o terceiro grau.
(MARCELO PLIGER)
Texto Anterior: População quer independência do território francês Próximo Texto: Pacotes Índice
|